Em minha experiência clínica como médico ortopedista com especialização em patologias do pé e tornozelo em Goiânia, tenho observado que o joanete (tecnicamente conhecido como hálux valgo) representa uma das queixas mais frequentes em meu consultório.

Esta deformidade, caracterizada pelo desvio lateral do dedão do pé com formação de uma proeminência óssea na articulação metatarsofalângica, afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Estudos recentes revelam que aproximadamente 43% dos brasileiros sofrem com este problema, com uma incidência de 9 mulheres para cada homem acometido.

Não é raro um paciente marcar uma consulta buscando informações sobre o que é bom para joanete, e como é uma dúvida recorrente, preparei esse material para explicar mais detalhadamente!

Entendendo o joanete: causas e sintomas

O joanete se desenvolve devido a múltiplos fatores, como:

  • Predisposição genética.
  • Uso prolongado de calçados inadequados (especialmente os de bico fino e salto alto).
  • Alterações biomecânicas dos pés.
  • Doenças como artrite reumatoide e gota.
  • Questões estruturais como pés planos e ligamentos excessivamente flexíveis.

Sintomas

Os sintomas relatados por meus pacientes incluem:

  • Dor ao caminhar (particularmente com calçados fechados).
  • Vermelhidão e sensibilidade na região da proeminência óssea.
  • Formação de calosidades.
  • Dificuldade para encontrar calçados confortáveis.
  • Em casos mais avançados, alterações no padrão da marcha.

Como observo frequentemente na evolução clínica, quanto maior o grau de deformidade, mais intensos se tornam os sintomas e mais comprometida fica a funcionalidade do pé.

O que é bom para joanete: tratamentos conservadores

Para casos leves a moderados, inicio o tratamento com abordagens não-cirúrgicas que têm demonstrado bons resultados:

  1. Modificação do calçado: A primeira recomendação que faço aos meus pacientes é a substituição de calçados inadequados por modelos confortáveis, com bico largo e sem salto alto. Esta simples mudança proporciona alívio significativo da dor em muitos casos.
  2. Órteses e protetores: Tenho observado benefícios consideráveis com o uso de almofadas protetoras para joanetes e órteses específicas, que ajudam a redistribuir a pressão e reduzir o atrito na área afetada.
  3. Medicamentos anti-inflamatórios: Em casos de inflamação aguda, prescrevo anti-inflamatórios não esteroidais ou, em situações específicas, indico infiltração local com corticosteroides para redução da dor e do edema.
  4. Exercícios terapêuticos: Oriento meus pacientes a realizarem exercícios de fortalecimento muscular e alongamentos específicos, que auxiliam na estabilização da articulação e podem retardar a progressão da deformidade.
  5. Palmilhas ortopédicas: Palmilhas personalizadas têm se mostrado eficazes para corrigir desalinhamentos biomecânicos e distribuir melhor as pressões durante a caminhada. Estudos demonstram que, sem esta correção biomecânica, há risco de recidiva mesmo após intervenção cirúrgica.

Abordagens cirúrgicas modernas

Quando as medidas conservadoras não proporcionam alívio adequado dos sintomas, a intervenção cirúrgica se torna necessária.

Como especialista em métodos minimamente invasivos, tenho adotado preferencialmente a cirurgia percutânea de joanete, que representa um significativo avanço em relação aos métodos tradicionais.

Esta técnica utiliza micro-incisões (2-3mm) para realizar os cortes ósseos (osteotomias) e realinhar o dedão, guiados por fluoroscopia (raio-x em tempo real).

Em minha experiência com dezenas de pacientes operados, tenho constatado vantagens expressivas:

  • Menor dor pós-operatória.
  • Cicatrizes mínimas, quase imperceptíveis.
  • Redução significativa do edema e do trauma aos tecidos.
  • Recuperação mais acelerada e retorno mais rápido às atividades cotidianas.
  • Possibilidade de operar ambos os pés simultaneamente em casos selecionados.

O procedimento é realizado sob anestesia local com sedação ou raquianestesia, dura aproximadamente 30-40 minutos por pé, e o paciente geralmente recebe alta no mesmo dia.

No pós-operatório imediato, utilizo um curativo especial e prescrevo o uso de uma sandália específica, permitindo apoio precoce do pé no chão, seguindo orientações personalizadas para cada caso.

Tratamentos inovadores e pesquisas recentes

Pesquisas internacionais recentes têm explorado novas modalidades terapêuticas para o tratamento do joanete.

Ensaios clínicos investigam o uso de terapias biológicas e medicina regenerativa, que parecem promissores para melhorar o controle desta condição.

Em congressos internacionais dos quais participo regularmente, tenho acompanhado o desenvolvimento de técnicas que combinam abordagens minimamente invasivas com avanços em biomateriais.

Prevenção e recomendações

Com base em minha experiência clínica, recomendo medidas preventivas, especialmente para pacientes com histórico familiar de joanete:

  • Usar calçados adequados com espaço suficiente para os dedos.
  • Evitar o uso prolongado de saltos altos e sapatos de bico fino.
  • Buscar avaliação especializada aos primeiros sinais de desvio do dedão.
  • Utilizar órteses preventivas quando indicado.
  • Manter peso corporal adequado para reduzir a pressão sobre os pés.
  • Realizar exercícios específicos para fortalecimento da musculatura do pé.

Conclusão

O tratamento adequado do joanete requer uma abordagem personalizada, considerando o grau da deformidade, a intensidade dos sintomas e as necessidades específicas de cada paciente.

Em minha prática diária, observo que o diagnóstico precoce e a intervenção apropriada são fundamentais para evitar a progressão da deformidade e preservar a funcionalidade do pé.

Se você sofre com joanetes, recomendo buscar avaliação especializada para estabelecer o plano de tratamento mais adequado ao seu caso.

Vale ressaltar que, embora a cirurgia seja o único tratamento definitivo para a correção da deformidade, muitos pacientes podem obter alívio significativo dos sintomas com medidas conservadoras adequadamente implementadas.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).