Você já ouviu falar sobre o pé valgo? A verdade é que a grande maioria das pessoas apenas tem contato com esse conceito a partir do momento que conhece alguma pessoa com essa condição e, portanto, ter dúvidas sobre o assunto é bem normal.

Mas afinal, o que é pé valgo? Trata-se de uma condição da qual não é possível reverter? Quais são os possíveis tratamentos ou mesmo quais são as causas?

Se você quer saber mais detalhes a respeito do pé valgo, é só continuar nesse artigo que iremos falar tudo a respeito. Então, sem mais delongas, vamos ao que realmente importa!

O que é pé plano ou pé chato?

Também chamado de pé plano valgo, nada mais é do que uma condição que se caracteriza por ter uma arcada interna da planta do pé diminuída ou ausente.

Esse tipo de condição é muito mais comum em crianças as quais, na grande maioria das vezes, se resolve de forma espontânea, sem que haja qualquer tipo de intervenção médica.

E isso acontece devido ao fato do desenvolvimento natural dos ossos, bem como o fato de diminuir a elasticidade do ligamento.

No entanto, não é porque o pé valgo pode se tratar de forma natural que não é preciso manter atenção quanto a esses problemas, mas bem pelo contrário.

Dizemos isso porque há casos em que o arco não se desenvolve sozinho. Ou seja, por consequência, acaba por surgir dificuldade ao caminhar ou mesmo o desequilíbrio.

Então, nesses casos, é preciso fazer um tratamento, o qual pode variar de acordo com aquilo que o médico achar mais pertinente e de acordo com o caso.

O médico pode indicar tanto um calçado adaptado como por meio de fisioterapia e exercícios mais especiais. Contudo, casos mais severos exigem a cirurgia.

Características do pé valgo

O pé plano valgo, nome que se dá ao pé chato, caracteriza-se por um pé com redução do arco plantar medial.

Além disso, também há lateralização do calcanhar e da parte anterior do pé, ao se observar pela parte de trás.

No entanto, também não podemos deixar de citar que o pé valgo flexível, essas alterações só acontecem no pé apoiado no solo.

Em relação ao arco plantar, aparece quando o pé está sem apoio ou mesmo nas pontas dos pés, que é diferente do pé plano rígido.

No caso do pé plano rígido, ele apresenta outras causas, outro quadro clínico e também uma proposta de tratamento bem distinta.

Quais são as possíveis causas?

A verdade é que está diretamente relacionado com os tecidos, tendões e os ossos dos pés e das pernas.

Mas, no caso de bebês e crianças pequenas, como elas ainda estão em desenvolvimento, acabam que elas ainda não formaram um arco.

Entretanto, no caso de o aperto dos tendões não acontecer por inteiro, pode resultar em pés valgos. Mas há outras coisas que você precisa saber quanto a essa condição.

Também é importante salientar que se torna muito comum também em pessoas que já tenham esse histórico na família.

Fora isso, a obesidade e artrite reumatoide também são dois problemas que podem resultar nessa condição.

Pessoas com maior propensão a sofrer lesões devido a essa condição são aqueles fisicamente ativos, uma vez que naturalmente estão mais sujeitos a outros problemas de pé e tornozelo.

Ademais, os idosos também são um tanto vulneráveis, uma vez que também estão mais propensos às quedas. Fora isso, nessa lista também adentram pessoas com paralisia cerebral.

Qual a evolução natural?

O pé valgo também é muito comum quando as crianças iniciam a marcha, e a formação do arco plantar é natural, mas se completa apenas com 7 anos de idade, mais ou menos.

E isso independe do tratamento. Ademais, cerca de 15 a 20% das crianças com esse problema vão manter esse padrão até a sua vida adulta.

No entanto, a verdade é que isso não costuma trazer grandes consequências para a vida do indivíduo, com exceção dos casos em que a deformidade é muito acentuada.

Quais são os sinais e sintomas do pé plano valgo?

O pé chato se caracteriza por ser uma arcada interna da planta do pé diminuída ou inteiramente plana. Então, um dos sinais é justamente o formato dos pés.

Mesmo porque, quando uma pessoa tem essa condição, acaba que ela pode ter um desvio dos calcanhares.

E é possível perceber esse fato inclusive no calçado, já que tende a acontecer um desgaste maior em apenas um dos lados.

Além do mais, essa condição também pode gerar dor e dificuldade para caminhar, cansar-se mais facilmente, desequilíbrio ou maior propensão para lesões.

Como é feito o diagnóstico do pé chato?

No caso de a pessoa sentir desequilíbrio, dor ao correr ou caminhar e sentir maior desgaste do calçado em apenas um dos lados, pode ser um sinal de pé valgo.

Se esse for o caso, a melhor coisa a se fazer com certeza é procurar por um médico ortopedista especialista em pé, a fim de que ele possa lhe examinar.

É apenas por intermédio de alguns exames que ele vai poder chegar à conclusão de que o seu problema de fato é o pé valgo.

Fora isso, é possível notar esses sinais logo quando se é criança e, então, os mais devem ficar sempre atentos.

Por mais que na maioria das vezes o pé plano valgo se resolva sozinho, a negligência nunca será a melhor escolha. Sempre que notar, leve ao médico.

Mas como o ortopedista faz o diagnóstico? Primeiro, ele deve observar o pé e a forma de caminhar. Nas crianças, pode ser um pouco diferente.

Isso acontece porque, como exame complementar, o médico pode solicitar um exame neurológico, apenas para eliminar as possibilidades de outras doenças.

Ademais, apenas para concluir com maior precisão, ele pode pedir alguns exercícios para avaliar o comportamento do pé e alguns exames de imagens, em especial o de raio-X.

Em que consiste o tratamento?

Na grande maioria das vezes, não requer tratamento, uma vez que o pé adquire uma forma normal com o passar do tempo.

E isso acontece porque, à medida que os ossos se desenvolvem, os ligamentos se tornam menos elásticos.

No entanto, há casos onde o médico pode indicar o uso de algum calçado especial, fisioterapia ou mesmo a realização de alguns simples exercícios.

Nesse último caso, alguns dos exercícios são:

  • Andar nas pontas dos pés;
  • Caminhar com os calcanhares;
  • Pegar objetos com os pés;
  • Andar em pisos irregulares etc.

O intuito de todos eles é apenas fazer com que se fortaleça os músculos da região.

Em relação a cirurgia, saiba que a sua recomendação só existe para casos mais severos, onde o problema se agravou ou quando outras opções de tratamento não resolveram o problema.

Abaixo, iremos diferenciar os tratamentos conservadores e o cirúrgico, apenas para servir como parâmetro de comparação.

Conservador

Pacientes assintomáticos não precisam de tratamento, mas é possível que o médico indique:

  • Uso de sapatos desportivos com suporte de arco e calcanhar, o que ajuda a aliviar sintomas;
  • Sapatos ortopédicos e órteses não alteram a história natural;
  • Exercícios de alongamento, como a contração do tendão de Aquiles.

A órtese do Laboratório de Biomecânica da Universidade da Califórnia é mais rígida, a qual foi desenhada para oferecer melhor suporte ao arco medial, além de controlar o retropé.

O médico pode indicar o uso da órtese a fim de conceder melhor alívio álgico em casos selecionados.

Cirúrgico

A cirurgia apenas é necessária em caso de pé valgo sintomático, onde há falência do tratamento conservador. Nesse caso, as indicações de técnicas cirúrgicas são:

  • Alongar o tendão de Aquiles ou fáscia dos gastrocnêmicos;
  • Calcâneo stop;
  • Osteotomia de Alongamento do Calcâneo;
  • Osteotomia de Deslizamento do Calcâneo
  • Osteotomia em cunha de subtração plantar do 1° cuneiforme, isto é, correção da deformidade em supinação.
Recomendações

As recomendações a respeito é sempre procurar um médico. Ainda que exista a possibilidade de o problema se resolver sozinho, não conte com isso.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).