A fratura no pé acaba se tornando mais comum do que você possa estar pensando. Afinal de contas, estamos falando de um membro que está suscetível a praticamente todo o tempo.

Mesmo porque o pé se movimenta a todo momento, haja vista que ele é vital para locomoção ou até para sustentar o nosso corpo.

O pé é o ponto final e o último membro inferior do corpo. Ele possui cerca de 26 ossos, e nele existem 32 regiões que são:

  • Tarso: região posterior do pé;
  • Metatarso: meio do pé;
  • Falanges: dedos e ossos.

O tarso é feito por sete ossos: calcâneo, tálus, cuboide, navicular e três cuneiformes. Mas o osso responsável por participar da articulação com a pele é o tálus. Já o metatarso é formado por cerca de 5 ossos.

Eles se articulam de um lado com os ossos do tarso e no outro se relaciona com falanges. E as falanges tem 3 em cada dedo, porém o dedão só possui 2. Existe também nos pés uma complexa estrutura ligamentar e tendões.

Qualquer lesão que acometa estas estruturas pode ter um potencial de quebrar finos e harmônicos movimentos dos pés. 

Os cientistas para fins didáticos dataram números para cada um dos dedos. Sendo o dedão Hálux o número 1, e o mínimo ou mindinho como muitos conhecem o 5.

O osso mais comumente fraturado é o calcâneo. Este osso em geral corresponde a cerca de 2% de todos os acontecimentos de fraturas que ocorrem no corpo. 

O tálus é o segundo osso que mais sofre lesão. As falanges mais precisamente a falange proximal do quinto pododáctilo é a terceira que mais tem ocorrência.

Fratura no pé

Fratura no pé

Os traumas esqueléticos são diversos, os quais podem prover de uma série de mecanismos diferentes. Por isso, a fratura do pé tem mais de um tipo.

Nas falanges, por exemplo, os mecanismos diretos e o indireto são os mais comuns. Mas o que exatamente quer dizer cada um deles:

  • Mecanismo direto: quando algum objeto afeta diretamente o pé;
  • Mecanismo indireto: nada mais é quando ocorre a “topada”, carga axial com desvio.

Agora, em relação ao tarso, em especial no calcâneo, o trauma axial também é o principal mecanismo, o qual pode ocorrer em quedas de grandes alturas.

Ademais, os acidentes automobilísticos, em especial os de moto, sem o uso do calçado adequado, pode ser outro fator da fratura nos pés.

Risco de fratura no pé

Fratura no pé

Em suma, as fraturas do tarso acabam sendo mais comuns em homens, em especial os que são jovens, e está muito ligado a acidentes de carro e moto, laborais e desportivos.

Inclusive, cerca de 90% das fraturas do calcâneo acontecem em homens entre os 21 e 45 anos de idade, com a maioria já sendo trabalhadores industriais.

Mas, em relação às fraturas dos metatarsos e falanges, elas acabam sendo mais frequentes em mulheres, com um destaque maior para os acidentes domésticos.

Sintomas de fratura no pé

É claro que isso pode variar de acordo com cada pessoa, haja vista que a fratura nos pés pode ter diversas características.

Além disso, as fraturas não são iguais entre si. Na verdade, elas possuem graus diferentes e, portanto, os sintomas podem diferir. Mas, no geral, os sintomas mais comuns são:

  • Dor;
  • Edema;
  • Hematoma;
  • Deformidade;
  • Incapacidade de mobilizar o pé.

No entanto, é válido destacar que, em muitos dos casos, os traumas são tão graves que pode existir a exposição óssea ou mesmo acontecer o esmagamento de algum dedo.

Diagnóstico de fratura nos pés

A primeira coisa que o médico deve fazer diz respeito à história clínica do paciente. Ou seja, ouvir como que ocorreu o problema.

No entanto, há situações em que o paciente não sabe ao certo como ocorreu. Se esse for o caso, o médico deve avaliar se há alguma doença pré-existente que possa ter culminado nesse problema.

Em seguida, o médico pode partir para o exame físico, que consiste em apalpar a região e até comparar com o pé que está normal.

Fora isso, a utilização de imagens também pode auxiliar no processo de diagnóstico, bem como ajuda a planejar como deverá ser a conduta terapêutica.

A radiografia com certeza é o exame mais acessível e também o mais comum de se utilizar para essa finalidade, mas pode ser necessário fazer uma tomografia, a fim de fazer uma melhor inspeção da fratura no pé.

Todas as fraturas são iguais ou existe alguma mais grave do que outras?

Não, as fraturas no pé não são iguais. Na verdade, elas podem diferenciar tanto em relação a característica quanto em termos de gravidade.

Hoje, dentre todos os parâmetros que existem, há três que mais se destacam para dizer o quão grave é a fratura nos pés. São eles:

  • Fraturas expostas ou lesões associadas;
  • Desvio dos fragmentos;
  • Padrão da fratura.

Como o padrão e a estabilidade da fratura são classificados?

Por mais que cada fratura seja diferente uma da outra, a verdade é que elas podem apresentar padrões que sejam semelhantes.

E são esses padrões que permitem a criação de uma classificação, a qual orienta o médico ao conduzir cada tratamento.

Isso quer dizer que, para cada um dos ossos que compõem o pé, há classificação diferente. Em suma, elas se dividem de acordo com:

  • Localização da fratura;
  • Energia do trauma;
  • “Traço” da fratura;
  • Desvio dos fragmentos (número de partes).

Como é feito o tratamento?

Quanto ao tratamento, saiba que ele pode ser duas formas: conservador e cirúrgico.

No entanto, no que diz respeito à escolha de cada tipo de tratamento, saiba que isso vai depender em especial por conta da gravidade, estabilidade e alguns outros parâmetros.

Como é feito o tratamento conservador para fratura nos pés?

Esse tipo de tratamento é mais adequado para quando a fratura tem pouco desvio, é estável, fechada, de baixa energia, isolada e sem síndrome compartimental e sem lesão vascular.

Ademais, o tratamento conservador também varia muito de acordo com a cooperação do paciente, uma vez que consiste no uso de imobilizações e restrições de carga.

Na grande maioria das vezes, a imobilização é por gesso, mas a depender do caso o médico pode indicar algum outro meio.

No caso de fratura das falanges, por exemplo, o tratamento pode ser feito com imobilização com esparadrapo. Contudo, é sempre necessário fazer um acompanhamento radiográfico.

Como é feita a cirurgia?

O tratamento cirúrgico para fratura no pé apenas é aceito para as seguintes situações:

  • Fratura exposta;
  • Comprometimento neurovascular associado;
  • Politraumatismo;
  • Múltiplas fraturas;
  • Fratura com perda óssea;
  • Fraturas com laceração de tendão.

Todos os demais casos que fogem disso, é preciso de uma avaliação mais minuciosa, de acordo com cada caso.

Agora, em relação às principais técnicas que são empregadas na cirurgia, está a utilização de placas, parafusos e fios.

Quais são as possíveis complicações?

Em qualquer cirurgia, todos estão atentos para evitar qualquer problema e complicações. Mas, no geral, as possíveis complicações são:

  • Infecção;
  • Pseudartrose;
  • Deformidade residual;
  • Necrose;
  • Artrose;
  • Rigidez;
  • Lesão neurovascular etc.

Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades?

Na verdade, o retorno varia de acordo com a gravidade de cada fratura, das lesões associadas e de qual técnica de tratamento que foi empregada.

Mas, na grande maioria das vezes, o retorno varia entre 6 a 9 meses. Contudo, há casos mais graves que precisam de mais tempo para a completa reabilitação.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).