O neuroma de Morton representa uma das causas mais frequentes de dor no antepé que encontro em meu consultório.
Com base na minha experiência como ortopedista especializado em pé e tornozelo, posso afirmar que esta condição afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes, especialmente mulheres entre 40 e 60 anos.
O neuroma de Morton não é propriamente um tumor, mas sim um espessamento do tecido fibroso ao redor dos nervos digitais plantares, mais comumente entre o terceiro e quarto dedos do pé.
A compreensão adequada desta patologia é fundamental para oferecer aos pacientes o melhor tratamento possível.
Vale ressaltar que o diagnóstico precoce e a abordagem terapêutica adequada podem evitar a progressão para casos mais complexos que requerem intervenção cirúrgica.
O meu objetivo com esse conteúdo é explicar de forma clara o que é neuroma de Morton, fatores de risco, diagnóstico, tratamento e como prevenir. Aproveite e tire todas as suas dúvidas!
Fisiopatologia e Fatores de Risco
O neuroma de Morton desenvolve-se devido à compressão crônica do nervo digital plantar, cujo mecanismo fisiopatológico envolve a irritação repetitiva do nervo entre as cabeças dos metatarsais, resultando em fibrose perineural progressiva.
Estudos recentes publicados no Journal of Foot and Ankle Surgery demonstram que fatores biomecânicos desempenham um papel importante no desenvolvimento da condição.
Em minha experiência clínica, identifico consistentemente os seguintes fatores de risco em meus pacientes:
- O uso prolongado de calçados inadequados, principalmente sapatos de salto alto e bico fino.
- Deformidades do antepé, como hálux valgo e dedos em martelo.
- Atividades esportivas de alto impacto.
- Obesidade.
- Alterações biomecânicas da marcha.
Uma pesquisa brasileira conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em 2023 confirmou que 78% das mulheres diagnosticadas com neuroma de Morton utilizavam regularmente calçados com salto superior a 5 centímetros.
Manifestações Clínicas e Diagnóstico do Neuroma de Morton
O diagnóstico do neuroma de Morton baseia-se primariamente na história clínica e exame físico especializado.
Meus pacientes tipicamente relatam dor em queimação no antepé, normalmente descrita como “pisar em uma pedra” ou “choque elétrico” irradiando para os dedos vizinhos.
Durante o exame físico, utilizo manobras específicas, como o teste de Mulder, onde aplico pressão no espaço intermetatarsal enquanto comprimo o antepé, que geralmente reproduz os sintomas característicos.
Em casos positivos, é possível perceber um “clique” palpável, confirmando a suspeita diagnóstica. Estudos europeus mostram sensibilidade de 95% e especificidade de 83% para este método.
A ultrassonografia permite não apenas confirmar o diagnóstico, mas também avaliar o tamanho do neuroma, informação chave para o planejamento terapêutico.
Já a ressonância magnética, reservo para casos duvidosos ou quando suspeito de patologias concomitantes.
Uma pesquisa multicêntrica brasileira publicada em 2024 demonstrou que a combinação de exame clínico especializado e ultrassonografia alcança precisão diagnóstica superior a 92%.
Abordagem Terapêutica Conservadora
Em minha prática, inicio sempre com tratamento conservador, que se mostra eficaz em aproximadamente 70% dos casos diagnosticados precocemente.
- A modificação do calçado é a primeira medida terapêutica. Oriento meus pacientes para o uso de sapatos com antepé mais largo, salto baixo e boa absorção de impacto.
- As palmilhas ortopédicas personalizadas constituem pilar fundamental do tratamento.
Trabalho em colaboração com ortesistas especializados para desenvolver dispositivos que redistribuam a pressão plantar e reduzam a compressão neural.
Um estudo brasileiro conduzido pela Universidade de São Paulo em 2023 demonstrou melhora significativa dos sintomas em 68% dos pacientes tratados com palmilhas específicas para neuroma de Morton.
A fisioterapia especializada, incluindo exercícios de fortalecimento intrínseco e alongamento, complementa o tratamento conservador.
Técnicas de terapia manual para mobilização dos ossos metatarsais têm mostrado resultados bem promissores.
Tratamento Invasivo e Cirúrgico
Quando o tratamento conservador não proporciona alívio adequado após 3-6 meses, opções invasivas são consideradas.
As infiltrações com corticosteroides representam uma importante ferramenta terapêutica, e para maior precisão e segurança, utiliza-se técnica guiada por ultrassonografia.
Estudos internacionais apontam que a infiltração com corticosteroides proporciona alívio sintomático em 70-80% dos casos, com duração média de 3-6 meses.
No consultório, reservo esta modalidade para pacientes com sintomas moderados a severos que não responderam adequadamente ao tratamento conservador.
A neurólise percutânea com radiofrequência surge como alternativa minimamente invasiva promissora.
Uma pesquisa europeia publicada em 2024 demonstrou taxa de sucesso de 85% em seguimento de dois anos. Embora ainda não seja amplamente disponível no Brasil, considero esta técnica uma evolução natural do arsenal terapêutico.
Intervenção Cirúrgica
A cirurgia para neuroma de Morton reservo para casos que não obtiveram sucesso com tratamento conservador e infiltrações.
Vale mencionar que aproximadamente 15-20% dos pacientes requerem intervenção cirúrgica, onde a neurectomia digital plantar, realizada através de abordagem plantar ou dorsal, constitui o procedimento padrão.
Prefiro a abordagem dorsal na maioria dos casos, pois evita cicatriz plantar dolorosa e permite visualização adequada das estruturas anatômicas.
A técnica que desenvolvi ao longo dos anos consiste na neurectomia ampla, com ressecção de segmento neural de pelo menos 2 centímetros, minimizando o risco de formação de neuroma de continuidade.
O retorno às atividades habituais ocorre normalmente entre 4-6 semanas, desde com reabilitação fisioterápica especializada.
Prognóstico e Prevenção
O prognóstico do neuroma de Morton é geralmente favorável quando diagnosticado precocemente e tratado adequadamente.
Pacientes que aderem às modificações de calçado e utilizam palmilhas apropriadas mantêm-se assintomáticos a longo prazo.
A prevenção baseia-se na educação sobre calçados adequados e cuidados com os pés. Oriento meus pacientes sobre a importância de sapatos com características específicas:
- Antepé amplo.
- Salto inferior a 4 centímetros.
- Boa absorção de impacto.
- Suporte ao arco longitudinal.
Conclusão
O neuroma de Morton é uma condição bem definida e tratável quando abordada por um especialista experiente.
A combinação de diagnóstico preciso, tratamento conservador adequado e, quando necessário, intervenção cirúrgica especializada, proporciona excelentes resultados funcionais.
A evolução das técnicas diagnósticas e terapêuticas, incluindo métodos minimamente invasivos, oferece novas perspectivas para os pacientes.
Estudos brasileiros têm contribuído significativamente para o entendimento desta patologia, posicionando nosso país na vanguarda do tratamento das doenças do pé e tornozelo.
O acompanhamento especializado e a abordagem individualizada permanecem fundamentais para o sucesso terapêutico, onde pacientes bem orientados e que seguem adequadamente as recomendações médicas apresentam excelente prognóstico a longo prazo.
Está sofrendo com dor no antepé que pode ser neuroma de Morton? Não permita que esta condição limite suas atividades diárias.
Como especialista em pé e tornozelo, ofereço diagnóstico preciso e tratamento personalizado. Agende sua consulta hoje mesmo e recupere sua qualidade de vida com abordagem especializada e técnicas mais modernas disponíveis.