Você já ouviu falar do tornozelo trincado? A verdade é que é um tanto quanto comum acontecer esse tipo de problema na articulação. Mesmo porque essa é uma estrutura que está ativa praticamente 100% do tempo. Então, ele está muito suscetível a lesões.

No entanto, diante desse contexto, é normal que você tenha algumas dúvidas, as quais é essencial obter clareza sobre todas elas. Mesmo porque, como se trata de uma questão séria, que se relaciona com a sua saúde, é vital obter esse esclarecimento.

“Torci o tornozelo, o que fazer”? Essa é uma pergunta que muitas pessoas se fazem e que, ainda que algumas pessoas achem que esse problema é “normal”, a verdade é que pode se tratar de algo um pouco mais grave do que imagina.

E é por essa razão que é importante você entender melhor sobre todos questões que permeiam o tornozelo trincado. Por isso, no artigo de hoje, iremos falar tudo o que precisa saber sobre esse assunto. Então, sem mais delongas, vamos ao que realmente importa!

O que é o tornozelo?

Para que você possa entender melhor sobre tornozelo trincado, primeiro é importante que você compreenda um pouco mais sobre essa estrutura do nosso corpo. Em suma, nada mais é do que a articulação que fica entre o pé e a perna.

No entanto, ele é um pouco mais complexo do que você possa estar pensando. Dizemos isso porque ele é composto por três ossos, sendo eles:

Essa estrutura é a responsável por uma série de fatores comuns no dia a dia, bem como ter que suportar o peso corpóreo. Agora, em relação aos principais movimentos que são feitos pelo tornozelo, estão a flexão e a dorsiflexão.

  • Flexão: mover o pé para baixo;
  • Dorsiflexão: mover o pé para cima.

A princípio, pode aparentar ser algo comum, uma vez que acaba se tornando um movimento mecânico. Ou seja, acabamos fazendo esses movimentos sem nem sequer perceber. Mas, para que isso seja possível, uma série de ossos devem trabalhar.

Mas, no que tange à incidência do tornozelo trincado, saiba que é de mais ou menos 187 fraturas a cada 100.000 pessoas todos os anos.

No entanto, dentre todas essas pessoas, 66% são unimaleolares. Ou seja, nada mais é do que quando apenas um dos maléolos se quebrou, o qual tem maior predominância em mulheres idosas.

Quais os ossos que compõem o tornozelo?

Como dito, o tornozelo é a articulação composta por três ossos: a fíbula, tíbia e tálus, os quais formam uma articulação no formato de uma pinça.

Então, a tíbia acaba ficando unida à fíbula, por meio de um conjunto de ligamentos, o qual se chama “sindesmose”. Ambos os ossos abraçam o tálus, por assim dizer.

Como ocorre o tornozelo trincado?

Em suma, o tornozelo trincado pode acontecer por dois principais fatores, que são eles:

  • Torcional: ou “torção”, a qual acontece pode acontecer ao pisar em um buraco ou ao se desequilibrar de um sapato alto.
  • Compressão axial: acontece em quedas de altura, onde o paciente cai em pé.

A fratura de tornozelo por compressão axial acaba se tornando mais comuns em homens mais jovens, por volta dos 35 a 40 anos de idade, mais ou menos.

E, nesse caso, está muito associada a acidentes de trânsito e quedas de altura. Agora, em relação à torção, ela acaba se tornando mais comum em mulheres mais velhas.

No entanto, também é importante destacar que as fraturas podem acontecer após traumas de baixa ou alta energia.

Mesmo porque há vários mecanismos que geram o tornozelo trincado, mas cerca de 80% deles são aqueles em que o pé trava no solo, mas o corpo gira para fora.

Todo tornozelo trincado é igual?

Definitivamente não. A verdade é que a fratura pode ter diferentes graus de gravidade e tipos. Mesmo porque, como já mencionamos, essa é uma estrutura que tem mais de um osso, e eles também podem ser afetados.

Então, nunca é possível comparar 2 pessoas que sofreram traumas no tornozelo, haja vista que não são todas iguais. Cada um deles pode ter um tipo de fratura, haja vista os diversos subtipos de fraturas do tornozelo, os resultados também são distintos.

Quais são os sintomas do tornozelo trincado?

Tornozelo trincado

É claro que isso pode variar de pessoa para pessoa, uma vez que cada um reage de uma forma. Mas, no geral, os principais sintomas do tornozelo trincado são:

  • Dor;
  • Edema;
  • Deformidade do tornozelo;
  • Incapacidade de apoiar o membro no chão.

Esse último acaba acontecendo porque o paciente não consegue aguentar o peso do próprio corpo. Fora isso, também pode acontecer a presença de bolhas e a exposição óssea, as quais requerem cuidados maiores.

Quais são os tipos de tornozelo trincado?

Como dito, o tornozelo pode ter diferentes tipos de lesões, o que acaba incidindo em gravidades diferentes também. Em relação a esses principais parâmetros, podemos citar:

  • Fraturas expostas ou graves lesões de partes moles, como o músculo, pele, ligamento, tendão etc.;
  • Lesões associadas (nervosa, vascular etc.);
  • Padrão da fatura que, na grande maioria das vezes, por conta dos mecanismos, as fraturas por compressão axial são mais graves;
  • Presença de edema, bolhas ou luxação, quando a perna “desencaixa” do pé.

O que seria uma fratura com luxação do tornozelo?

Como dito, há mais de um tipo de fratura, a qual pode depender de uma série de fatores, sendo a principal o mecanismo de torção, energia do trauma e a qualidade óssea.

Dessa forma, um trauma pode gerar apenas uma fratura no osso, que nada mais é do que tornozelo trincado, como gerar uma fratura desviada.

Fora isso, pode até mesmo subluxar o tálus e gerar a luxação completa do tornozelo. Ou seja, luxação nada mais é do que quando a articulação está fora do lugar.

O que devo fazer quando torcer o tornozelo?

Nesses casos, é essencial que você procure por um ortopedista o quanto antes, até mesmo para que ele possa fazer um diagnóstico certo.

Ainda que você tenha uma artrose no tornozelo pequeno, é importante procurar apoio médico. Mesmo porque é ele quem irá lhe oferecer todas as demais informações das quais você precisa.

Além disso, ao negligenciar esse fato, pode acontecer de o tornozelo trincado se desenvolver e se tornar um problema ainda maior.

No caso das entorses, por exemplo, ainda que pequenas, elas podem gerar desde um pequeno estiramento ligamentar a fraturas mais graves, onde a cirurgia se faz necessária.

Isso quer dizer que o médico pode indicar uma radiografia, a fim de avaliar com mais cuidado e precisão o seu caso.

No entanto, há vezes em que a tomografia computadorizada ou ressonância colaboram para que o diagnóstico seja mais preciso e, por consequência, o médico oferece um tratamento mais adequado.

Fora isso, saiba que traumas de alta energia, na grande maioria das vezes, precisam de acionamento de equipes de resgate, a fim de oferecer o tempo de imobilização que seja o suficiente até chegar ao socorro ortopédico.

O que sinto após fraturar o tornozelo?

Podem ocorrer uma série de sintomas, mas é muito comum ouvir relatos de pacientes que, ao sentir um estalo no tornozelo forte, não conseguiu mais pisar.

Em seguida, ele sente um inchaço ao redor do tornozelo e, na maioria das vezes, uma incapacidade de apoiar o membro fraturado.

Mas saiba que, devido ao fato de existir mais de um tipo de fratura, os sintomas podem variar bastante. E é por essa razão que é tão importante procurar pelo ortopedista.

O tornozelo trincado precisa de cirurgia?

Depende. Mesmo porque o nosso tornozelo é uma articulação que recebe bastante carga, ao pisarmos sobre ele.

Então, fraturas desalinhadas e que não possuem o devido tratamento, podem gerar alterações mecânicas na articulação.

Ou seja, vai fazer com que se aumente o desgaste da articulação, o que pode evoluir para a artrose precoce. Nesse caso, o tratamento envolve cirurgia, mas não é sempre que acontece.

Como é realizada a cirurgia?

A cirurgia para tornozelo trincado deve ser feita por meio de uma ou mais incisões ao redor do tornozelo, a qual é bem pouco invasiva.

Nesse caso, o intuito é de fazer uma reconstrução óssea e, então, fixar na posição com algumas placas e parafusos.

Preciso retirar as placas e parafusos?

Na grande maioria das vezes, não. Mas há alguns casos onde o implante fica em áreas onde a pele é mais fina.

Ou seja, gera mais atrito e incômodo. Nesse caso, a fim prezar pela qualidade de vida do paciente, o melhor a se fazer é remover.

Fora isso, a remoção deve se tornar uma opção quando há infecção na ferida operatória, por exemplo, e em outras situações mais específicas.

Mas não precisa se preocupar se por acaso houver a remoção. Retirar o material, depois da consolidação (cura) da fratura, não vai aumentar a chance de re-fraturas.

Como é a reabilitação do tornozelo trincado?

A verdade é que não tem como tratar todas as fraturas da mesma forma e, portanto, os protocolos também não têm como serem os mesmos.

No entanto, a grande notícia é que o tempo médio para que o osso possa colar é de seis semanas, mais ou menos.

Sendo assim, na grande maioria das vezes, o tempo de utilização da bota imobilizadora é de 1 mês e meio.

Mas, para poder voltar a correr, deve-se aguardar até o terceiro mês e, a depender do tipo de tornozelo trincado, pode ser necessário aumentar o tempo.

Também é necessário levar em conta o status físico do paciente antes da fratura. Mesmo porque um jovem esportista e um idoso sedentário devem ter protocolos diferentes, adequado a cada realidade.

Avatar

Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).