O joanete, cientificamente conhecido como hálux valgo, é uma condição que afeta aproximadamente 30% da população brasileira, conforme estudo da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé.

Em minha prática clínica como ortopedista de pé e tornozelo em Goiânia, observo diariamente como esta deformidade impacta significativamente a qualidade de vida de meus pacientes.

Caracterizado pelo desvio do dedão em direção aos outros dedos, o joanete causa não apenas uma protuberância óssea visível, mas também dor progressiva e dificuldades para calçar sapatos confortavelmente.

No consultório, recebo com frequência pacientes em busca de tratamentos para joanete, e justamente por isso preparei esse conteúdo, onde irei explicar as abordagens disponíveis!

O que é o joanete e como ele se desenvolve

O joanete não é apenas uma questão estética, mas uma deformidade estrutural que acomete o primeiro dedo do pé, caracterizada pelo desvio lateral da falange proximal e medial da cabeça do primeiro metatarso.

Na minha experiência cirúrgica, observo que esta alteração biomecânica resulta de um desequilíbrio entre os músculos intrínsecos e extrínsecos do pé.

Com o tempo, a pressão contínua sobre a cabeça do primeiro metatarso pode causar ruptura da cápsula medial e do ligamento colateral, permitindo que estruturas laterais, como o músculo adutor do hálux, exacerbem o desvio.

Os sintomas típicos que meus pacientes relatam incluem:

  • Dor progressiva na região da articulação.
  • Calosidades plantares.
  • Desvio dos dedos menores.
  • Em estágios avançados, o dedão pode encavalar no segundo dedo ou entrar embaixo dele.

Fatores de risco para o desenvolvimento do joanete

Diversos fatores contribuem para o surgimento desta condição, como tenho documentado ao longo de minha carreira:

  1. Predisposição genética: A hereditariedade desempenha um papel fundamental, sendo frequente encontrar vários membros da mesma família com a deformidade.
  2. Calçados inadequados: O uso frequente de sapatos de bico fino e salto alto é um dos principais responsáveis pelo agravamento do joanete, explicando a maior prevalência em mulheres.
  3. Condições médicas: Doenças degenerativas como artrite reumatoide e gota podem acelerar o processo.
  4. Alterações biomecânicas: Pés planos ou problemas na articulação podem predispor ao desenvolvimento do joanete.
  5. Alterações neurológicas: Condições como derrame e paralisia também são fatores contribuintes.

Como tratar joanete: abordagem conservadora

Antes de recomendar uma intervenção cirúrgica, sempre oriento meus pacientes sobre medidas conservadoras que podem aliviar os sintomas e desacelerar a progressão:

1. Modificação do calçado

Recomendo enfaticamente o uso de calçados mais folgados, confortáveis e sem salto ou com salto mais baixo.

2. Órteses e palmilhas

Palmilhas ortopédicas personalizadas podem redistribuir a pressão plantar e proporcionar alívio sintomático.

3. Exercícios terapêuticos

Estudos recentes, incluindo um trabalho brasileiro publicado em 2024, demonstraram que exercícios específicos para os pés podem reduzir significativamente o ângulo do hálux valgo e melhorar a função dos pés.

Em minha clínica, prescrevo regularmente exercícios como:

  • Puxar uma toalha com os dedos dos pés.
  • Exercícios com elásticos para fortalecimento.
  • Movimentos de abdução do hálux.

4. Escalda-pés

Recomendo aos meus pacientes com sintomas agudos a prática de escalda-pés com sal grosso ou sal de Epsom, que ajuda a reduzir a dor e o inchaço local.

Cirurgia de joanete: quando e por quê

Considero a cirurgia de joanetes minimamente invasiva (percutânea) quando observo:

  • Dor persistente que não responde aos tratamentos conservadores.
  • Limitação funcional significativa.
  • Deformidade progressiva.
  • Impacto na qualidade de vida do paciente.

Cirurgia minimamente invasiva: revolução no tratamento do joanete

Nos últimos anos, tenho me dedicado intensamente à técnica MICA (Minimally Invasive Chevron-Akin), que representa um avanço significativo no tratamento cirúrgico do joanete.

Esta abordagem utiliza pequenas incisões de 2-3mm por onde são realizadas as osteotomias (cortes ósseos) necessárias para a correção da deformidade.

As vantagens que observo em meus pacientes incluem:

  1. Menor dor pós-operatória: A natureza menos invasiva resulta em desconforto significativamente reduzido.
  2. Cicatrizes mínimas: As pequenas incisões resultam em cicatrizes quase imperceptíveis, em contraste com as cicatrizes mais evidentes da cirurgia tradicional.
  3. Recuperação acelerada: A maioria dos meus pacientes recebe alta no mesmo dia e consegue caminhar com uma sandália específica imediatamente após a cirurgia.
  4. Menor risco de complicações: Observo menor incidência de infecções e outras complicações pós-operatórias.
  5. Resultado estético superior: Além da correção funcional, a técnica proporciona um resultado estético excelente.

Um estudo internacional publicado no Alliance Research Institute em 2025 corrobora minha experiência clínica, demonstrando que as técnicas minimamente invasivas não só proporcionam resultados funcionais equivalentes às técnicas tradicionais, mas também oferecem vantagens significativas em termos de recuperação e satisfação do paciente.

Pós-operatório e recuperação

O pós-operatório das cirurgias minimamente invasivas representa uma das maiores vantagens desta abordagem:

  • Os pacientes geralmente recebem alta no mesmo dia da cirurgia.
  • A mobilidade precoce é encorajada, com o paciente podendo caminhar com uma sandália pós-operatória específica imediatamente.
  • A dor é controlada com analgésicos comuns, sendo geralmente bem tolerada.
  • A reabilitação ocorre de forma gradual, com retorno às atividades normais em tempo significativamente menor que na cirurgia tradicional.

O paciente costuma ter alta hospitalar no mesmo dia e o apoio do pé no chão é permitido precocemente, seguindo as orientações médicas específicas para cada caso.

Conclusão

O tratamento do joanete evoluiu consideravelmente nos últimos anos, especialmente com o aprimoramento das técnicas minimamente invasivas.

Em minha experiência clínica, tenho observado resultados cada vez mais satisfatórios, com menor dor pós-operatória, recuperação mais rápida e excelentes resultados funcionais e estéticos.

É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente. Recomendo sempre a consulta com um ortopedista especializado em pé e tornozelo para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado.

Com a abordagem adequada, é possível não apenas aliviar os sintomas, mas corrigir efetivamente a deformidade e restaurar a qualidade de vida do paciente.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).