Na minha prática clínica como ortopedista especialista em cirurgias do pé, observo diariamente pacientes que sofrem com a dor do joanete, uma condição que afeta significativamente sua qualidade de vida.

Dados alarmantes revelam que aproximadamente 43% dos brasileiros sofrem de joanete, conforme pesquisa desenvolvida em 2017.

Este problema não se limita apenas à questão estética – o desconforto pode tornar-se tão intenso que muitos pacientes têm dificuldade até mesmo para caminhar normalmente.

E não é por acaso que muitos chegam ao consultório em busca de soluções como aliviar a dor do joanete, e o meu papel enquanto profissional é mostrar todas as abordagens terapêuticas disponíveis.

Neste artigo, vou explicar em detalhes os métodos conservadores para diminuir a dor do joanete, como também mostrar quando a intervenção cirúrgica é a melhor alternativa!

O que é o joanete e suas causas

O joanete, conhecido tecnicamente como hálux valgo, caracteriza-se por um desalinhamento da estrutura óssea do pé, formando uma saliência óssea na região interna, próxima à base do dedão.

Esta deformidade ocorre quando o dedão se inclina em direção aos outros dedos, alterando progressivamente o ângulo dos ossos e produzindo a protuberância característica.

Na minha experiência clínica, identifico diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento dessa condição:

  • Predisposição genética.
  • Uso constante de calçados inadequados (principalmente de bico fino e salto alto).
  • Hiperfrouxidão ligamentar.
  • Traumas e artrite reumatoide.

As estatísticas mostram uma disparidade significativa entre os gêneros: para cada cinco mulheres, apenas um homem desenvolve joanete.

Esta diferença deve-se principalmente ao uso prolongado de calçados inadequados, que exercem pressão excessiva sobre os dedos.

Sintomas comuns

No consultório, regularmente identifico os seguintes sintomas em pacientes com joanete:

  • Proeminência óssea visível na parte interna do pé.
  • Desvio do dedão em direção aos outros dedos.
  • Dor localizada, especialmente ao usar calçados fechados.
  • Vermelhidão e inchaço na região.
  • Deformidade dos dedos adjacentes.
  • Calosidades e dor na região frontal do pé.

Como aliviar a dor do joanete: abordagens conservadoras

Para a maioria dos meus pacientes, inicio o tratamento com métodos conservadores, que costumam ser bastante eficazes nos estágios iniciais:

1. Escolha de calçados adequados

Sempre recomendo enfaticamente o uso de sapatos confortáveis, com biqueira larga que proporcione espaço adequado para os dedos. O uso de calçados de bico fino ou salto alto é uma das principais causas do joanete e deve ser evitado.

Essa simples mudança proporciona alívio significativo para muitos pacientes.

2. Compressas geladas

Aplique compressas de gelo por aproximadamente 10 minutos na região afetada. Este método simples ajuda a reduzir a inflamação e aliviar a dor aguda, especialmente após um dia usando calçados menos confortáveis.

3. Órteses e protetores especiais

No meu consultório, frequentemente prescrevo dispositivos ortopédicos como espaçadores entre o dedão e o segundo dedo, protetores de silicone e órteses personalizadas.

Estes dispositivos ajudam a alinhar a articulação e reduzir o atrito com o calçado, proporcionando alívio considerável.

4. Medicamentos para alívio da dor

Em casos de dor mais intensa, recomendo anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) orais ou tópicos.

Para casos específicos de bursite associada ao joanete, a aspiração bursal e injeção de corticosteroide pode ser uma opção eficaz para aliviar a dor.

Quando a cirurgia torna-se necessária

Quando as abordagens conservadoras não proporcionam o alívio esperado e a dor começa a limitar as atividades diárias, considero a intervenção cirúrgica.

Com base em minha experiência, cerca de 30% dos meus pacientes com joanete eventualmente precisarão de cirurgia.

Revolução nos métodos cirúrgicos: a abordagem minimamente invasiva

Nos últimos anos, tenho adotado predominantemente técnicas minimamente invasivas em minha prática cirúrgica, com resultados extraordinários.

A técnica MICA (Minimally Invasive Chevron and Akin) representa um grande avanço no tratamento do joanete.

A cirurgia percutânea de joanete em Goiânia é uma técnica inovadora que utiliza apenas 4-5 pequenos portais (incisões de 2-3mm), através dos quais são inseridos instrumentos especiais chamados fresas percutâneas para realizar os cortes ósseos (osteotomias) necessários.

Em seguida, utilizo parafusos especiais (parafusos chanfrados) para fixação óssea, que se adaptam perfeitamente à parte interna do osso metatarsal.

Um estudo com 94 pacientes submetidos à técnica MICA demonstrou resultados impressionantes:

  • Redução significativa da dor já na primeira semana pós-operatória (de 5,2 para 2,4 na escala VAS).
  • Melhora expressiva dos ângulos de correção do joanete.
  • 94% dos pacientes relataram satisfação boa ou excelente com o procedimento.

Vantagens da cirurgia percutânea de joanete

Após realizar dezenas de cirurgias minimamente invasivas, posso atestar as seguintes vantagens em comparação às técnicas tradicionais:

  • Resultado estético superior: As pequenas incisões resultam em cicatrizes quase imperceptíveis.
  • Pós-operatório menos doloroso: A redução do trauma aos tecidos moles resulta em menos dor durante a recuperação.
  • Reabilitação acelerada: Meus pacientes geralmente recebem alta no mesmo dia da cirurgia.
  • Menor edema pós-operatório: A preservação das estruturas adjacentes reduz significativamente o inchaço.
  • Retorno mais rápido às atividades: Os pacientes retornam às atividades normais em tempo reduzido comparado à cirurgia tradicional.

Dados do British Orthopaedic Foot and Ankle Society (BOFAS) confirmam que as osteotomias minimamente invasivas demonstraram melhor desempenho no acompanhamento de um ano em comparação com técnicas tradicionais.

Recuperação e cuidados pós-cirúrgicos

Após a cirurgia, oriento meus pacientes sobre alguns cuidados essenciais:

  1. Curativos e imobilização: Um curativo especial é aplicado e deve ser mantido por aproximadamente 2 semanas para proteção e redução do risco de infecção.
  2. Calçado terapêutico: Utilização de sandália pós-operatória especial que protege a área operada.
  3. Apoio gradual: Diferentemente da cirurgia tradicional, a técnica minimamente invasiva permite apoio precoce do pé, seguindo orientações específicas para cada caso.
  4. Fisioterapia direcionada: Fundamental para restabelecer a mobilidade e função do pé, com início geralmente após 2-3 semanas do procedimento.
  5. Retorno às atividades: O retorno a calçados normais e atividades físicas ocorre gradualmente, tipicamente mais rápido que na cirurgia tradicional.

Conclusão

Em minha prática clínica diária, tenho observado como o tratamento adequado da dor do joanete pode transformar a vida dos pacientes.

Com as novas técnicas minimamente invasivas, hoje podemos oferecer soluções que proporcionam menor dor pós-operatória, melhores resultados estéticos e recuperação acelerada.

É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando a gravidade da deformidade, a intensidade da dor e as necessidades específicas do paciente.

O tratamento precoce, seja conservador ou cirúrgico, é essencial para evitar a progressão da deformidade e complicações futuras.

Se você sofre com a dor do joanete, recomendo buscar avaliação especializada para encontrar a abordagem mais adequada para seu caso específico.

Com o tratamento correto, é possível recuperar o conforto e a qualidade de vida.

Avatar

Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).