A coalizão tarsal é uma condição que encontro com frequência em minha prática clínica, principalmente em pacientes jovens que chegam ao consultório com queixas de dor persistente nos pés.
Ao longo dos meus anos de experiência como especialista em pé e tornozelo, posso afirmar que esta patologia, embora relativamente rara, pode causar impactos significativos na qualidade de vida quando não diagnosticada e tratada adequadamente.
Em termos simples, a coalizão tarsal ocorre quando dois ou mais ossos do pé que deveriam ser separados estão anormalmente conectados por tecido ósseo, cartilaginoso ou fibroso.
Esta união indevida limita o movimento normal do pé e pode causar dor, rigidez e alterações na marcha.
Para você entender melhor essa condição, reuni neste artigo as principais informações, como sintomas, tipos e tratamentos disponíveis.
Entenda a Prevalência e Sinais de Coalizão Tarsal
A maioria dos pacientes com coalizão tarsal são adolescentes entre 12 e 16 anos, período em que a ossificação da ponte anormal se completa e os sintomas começam a se manifestar.
Estudos internacionais indicam que a prevalência varia entre 1% e 2% da população, sendo bilateral em aproximadamente 50% dos casos.
Um estudo brasileiro publicado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia revelou que, em nosso país, cerca de 60% dos casos de coalizão tarsal são diagnosticados tardiamente, após os 15 anos de idade, quando as alterações biomecânicas já causaram comprometimentos secundários.
Sintomas mais comuns
- Dor na região medial ou lateral do pé
- Rigidez e limitação de movimento
- Fadiga muscular após atividades físicas
- Pé plano rígido (em muitos casos)
- Claudicação ou alteração no padrão de marcha
Tipos de Coalizão e Sua Importância no Diagnóstico
Existem dois tipos principais de coalizão tarsal: a talocalcânea (entre o tálus e o calcâneo) e a calcaneonavicular (entre o calcâneo e o navicular). Juntas, representam cerca de 90% de todos os casos que trato.
Pesquisas recentes da American Orthopaedic Foot & Ankle Society demonstram que a coalizão calcaneonavicular é ligeiramente mais comum, representando 53% dos casos, enquanto a talocalcânea corresponde a 37%. Os 10% restantes envolvem outras articulações do tarso.
Em minha prática, utilizo sempre uma combinação de exame clínico detalhado com exames de imagem.
A radiografia simples pode sugerir o diagnóstico, mas a tomografia computadorizada é o padrão-ouro para confirmar a presença e determinar a extensão da coalizão.
Quando o Tratamento Conservador é Suficiente
Nem todo paciente com coalizão tarsal necessita de cirurgia, onde aproximadamente 40% dos casos respondem bem ao tratamento conservador.
Este percentual alinha-se com dados de um estudo europeu publicado em 2023, que acompanhou 500 pacientes por cinco anos.
O tratamento conservador consiste em:
- Uso de órteses personalizadas para redistribuir as cargas
- Fisioterapia específica para melhorar a mobilidade residual
- Medicação anti-inflamatória em períodos de agudização
- Modificação temporária das atividades físicas
- Infiltrações com corticoides em casos selecionados
Sempre explico aos meus pacientes e seus familiares que o sucesso do tratamento conservador depende muito da adesão às orientações e do acompanhamento regular.
A Decisão Cirúrgica: Quando é Necessária
Quando o tratamento conservador falha após 6 meses bem conduzidos, ou quando a coalizão é extensa (maior que 50% da articulação), considero a opção cirúrgica.
Dados do Hospital das Clínicas de São Paulo indicam que cerca de 30% dos pacientes com coalizão tarsal sintomática acabam necessitando de cirurgia.
As técnicas cirúrgicas variam conforme o tipo e extensão da coalizão:
- Ressecção da barra óssea com interposição de gordura ou músculo
- Artrodese (fusão articular) em casos com degeneração avançada
- Osteotomias corretivas quando há deformidades associadas
Um estudo australiano de 2024 mostrou que 85% dos pacientes submetidos à ressecção da coalizão apresentaram melhora significativa da dor e retorno às atividades esportivas em um ano.
Resultados e Expectativas Realistas
É fundamental que os pacientes compreendam que, mesmo com tratamento adequado, algum grau de limitação pode persistir.
Estudos de longo prazo mostram que pacientes tratados na adolescência têm melhores resultados funcionais na vida adulta.
Dados compilados de centros ortopédicos brasileiros entre 2020 e 2024 revelam que:
- 78% dos pacientes tratados conservadoramente mantêm-se assintomáticos
- 88% dos pacientes operados relatam satisfação com o resultado
- 92% retornam às atividades esportivas em algum nível
Conclusão
A coalizão tarsal é uma condição desafiadora que exige experiência e conhecimento específico para seu correto diagnóstico e tratamento.
Com base em minha trajetória profissional, posso afirmar que o diagnóstico precoce e a escolha adequada do tratamento são fundamentais para prevenir complicações futuras como artrose e deformidades secundárias.
Cada caso de coalizão tarsal é único, e o plano de tratamento deve ser individualizado considerando a idade do paciente, tipo e extensão da coalizão, nível de atividade e presença de alterações degenerativas.
Com o tratamento apropriado, a maioria dos pacientes consegue ter uma vida ativa e sem limitações significativas.
Se você ou seu filho apresenta dor persistente nos pés, rigidez ou dificuldade para caminhar, não deixe de buscar avaliação especializada.
Agende sua consulta e receba um diagnóstico preciso e tratamento personalizado para coalizão tarsal e outras patologias do pé e tornozelo!