Ao longo da minha trajetória tratando pacientes com problemas nos pés, percebo que os sintomas de coalizão tarsal geralmente passam despercebidos ou são confundidos com outras condições.

Como ortopedista especialista em coalizão tarsal, tenho acompanhado dezenas de casos e posso afirmar que o diagnóstico precoce faz toda a diferença no resultado do tratamento.

A coalizão tarsal é uma condição congênita onde dois ou mais ossos do pé estão anormalmente conectados.

Estudos brasileiros indicam que afeta aproximadamente 1-2% da população, embora pesquisas internacionais sugiram que pode chegar a 6% quando consideramos casos assintomáticos.

Em minha prática clínica, observo que muitos pacientes convivem anos com desconforto antes de receberem o diagnóstico correto.

Saiba agora como reconhecer os principais sintomas de coalizão tarsal e o momento de buscar ajuda profissional!

O Que É Coalizão Tarsal e Por Que Ocorre

A coalizão tarsal ocorre quando há uma falha na separação normal dos ossos durante o desenvolvimento fetal.

As coalizões mais comuns são a talocalcânea (entre o tálus e o calcâneo) e a calcaneonavicular (entre o calcâneo e o navicular), representando juntas cerca de 90% dos casos que atendo.

Essa conexão anormal pode ser óssea, cartilaginosa ou fibrosa. Interessantemente, dados do Hospital das Clínicas de São Paulo mostram que aproximadamente 50% dos casos são bilaterais, ou seja, afetam ambos os pés.

Em minha rotina, sempre examino os dois pés, mesmo quando a queixa é unilateral.

Principais Sintomas de Coalizão Tarsal

Os sintomas geralmente começam a se manifestar entre os 8 e 16 anos, período em que a cartilagem ou tecido fibroso começa a ossificar.

Recebo frequentemente adolescentes com queixas que os pais inicialmente atribuem ao “crescimento” ou “preguiça”.

Os sinais mais comuns são:

Dor e rigidez no pé

Os pacientes com coalizão tarsal normalmente descrevem uma dor profunda, principalmente na região lateral do pé ou tornozelo.

A dor costuma piorar com atividades físicas e melhorar com repouso.

Um estudo publicado no Journal of Pediatric Orthopaedics em 2023 confirmou que 78% dos pacientes sintomáticos apresentam dor como queixa principal.

Pé plano rígido

Diferentemente do pé plano flexível comum em crianças, na coalizão tarsal o arco não se forma mesmo quando o paciente fica na ponta dos pés.

Em minha avaliação clínica, sempre realizo esse teste simples mas revelador.

Espasmos musculares

Observo com frequência espasmos dos músculos fibulares, que alguns colegas chamam de “pé plano espástico peroneal”.

Os pacientes relatam que o pé “trava” em certas posições.

Limitação do movimento

A diminuição da mobilidade do retropé é um achado característico.

Quando examino meus pacientes, noto especialmente a redução da inversão e eversão do pé.

Fadiga e cansaço

Muitos adolescentes queixam-se de cansaço excessivo nas pernas após atividades normais.

Pesquisas americanas indicam que 65% dos pacientes sintomáticos apresentam fadiga como sintoma secundário.

Diagnóstico da Coalizão Tarsal

Durante a consulta, utilizo uma abordagem sistemática.

Primeiro, realizo uma história clínica detalhada, investigando quando os sintomas começaram e se há histórico familiar, e estudos mostram que até 39% dos casos têm componente hereditário.

No exame físico, além dos testes de mobilidade, observo o padrão de desgaste dos calçados do paciente. É comum encontrar desgaste assimétrico, especialmente na região lateral.

Também palpo cuidadosamente a região do seio do tarso, onde frequentemente há sensibilidade aumentada.

Para confirmação diagnóstica, solicito exames de imagem. Radiografias simples podem mostrar sinais indiretos, mas a tomografia computadorizada é o padrão-ouro, permitindo visualizar claramente o tipo e extensão da coalizão.

A ressonância magnética reservo para casos de coalizão fibrosa ou cartilaginosa, onde a TC pode não ser conclusiva.

Tratamento: Da Abordagem Conservadora à Cirurgia Minimamente Invasiva

Em minha filosofia de tratamento, sempre inicio com medidas conservadoras. Dados do Colégio Brasileiro de Radiologia mostram que aproximadamente 60% dos pacientes respondem bem ao tratamento não cirúrgico.

O tratamento conservador inclui:

  • Modificação de atividades para reduzir o estresse sobre o pé
  • Palmilhas personalizadas para melhorar o alinhamento e distribuir melhor as cargas
  • Fisioterapia focada em alongamentos e fortalecimento
  • Anti-inflamatórios em períodos de exacerbação
  • Em casos mais severos, imobilização temporária com bota ortopédica

Quando o tratamento conservador falha após 3-6 meses, discuto com meus pacientes a opção cirúrgica.

Como especialista em técnicas minimamente invasivas, tenho obtido excelentes resultados com ressecções artroscópicas em casos selecionados.

A cirurgia minimamente invasiva oferece várias vantagens: menor tempo de recuperação, menos dor pós-operatória, cicatrizes menores e retorno mais rápido às atividades.

O tempo médio de retorno ao esporte é de 3-4 meses, comparado aos 6-8 meses das técnicas tradicionais.

A Importância do Diagnóstico Precoce

Um aspecto que sempre enfatizo é a importância do diagnóstico precoce de coalizão tarsal, já que o tratamento iniciado antes dos 12 anos tem melhores resultados a longo prazo.

Pacientes diagnosticados tardiamente geralmente já apresentam alterações degenerativas secundárias nas articulações adjacentes.

Conclusão

Os sintomas de coalizão tarsal podem variar significativamente entre os pacientes, mas o reconhecimento precoce é fundamental para um tratamento eficaz.

Em minha prática diária, vejo como o diagnóstico correto transforma a qualidade de vida dos pacientes, sobretudo de jovens que desejam manter-se ativos.

Se você ou seu filho apresenta dor persistente no pé, rigidez, pé plano ou qualquer combinação dos sintomas descritos, é importante buscar avaliação especializada.

Com as técnicas atuais, especialmente as minimamente invasivas, é possível obter excelentes resultados e retorno completo às atividades.

Não deixe que a dor no pé limite suas atividades. Como especialista em cirurgia minimamente invasiva do pé e tornozelo, posso ajudar no diagnóstico preciso e tratamento adequado da coalizão tarsal.

Entre em contato e agende sua avaliação para discutirmos as melhores opções de tratamento para seu caso específico.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).