A tendinopatia dos flexores é uma causa frequente de dor e limitação em pés e tornozelos.
O quadro surge quando os tendões que fazem a flexão trabalham além do limite e passam a responder com dor, rigidez e perda de função.
Sempre reforço com meus pacientes que identificar cedo a tendinopatia dos flexores reduz o tempo de recuperação e evita recorrências.
O que é tendinopatia dos flexores
O termo descreve alterações no tecido do tendão flexor, com dor ao esforço, redução de tolerância à carga e, em fases avançadas, espessamento e perda de desempenho.
Diferente de uma inflamação curta, a tendinopatia dos flexores costuma ser um problema de adaptação à carga e à mecânica do movimento.
No pé e tornozelo, destacam-se o tibial posterior, o flexor longo dos dedos e o flexor longo do hálux.
Todos funcionam como cabos que transferem a força do músculo para o osso, estabilizando arcos e permitindo empurrar, agarrar e impulsionar o corpo.
Causas comuns
A tendinopatia dos flexores surge por soma de fatores:
- Excesso de carga ou volume sem progressão.
- Biomecânica desfavorável, como queda do arco plantar.
- Técnica de corrida ou salto com sobrecarga na propulsão.
- Trabalho manual repetitivo, pegada forte por longos períodos.
- Falta de sono e recuperação entre sessões.
- Histórico de lesão prévia no mesmo segmento.
- Idade, baixo condicionamento e algumas doenças metabólicas elevam o risco.
Sintomas que pedem atenção
Dor localizada que piora com a flexão contra resistência é o sinal mais comum. Pode haver rigidez matinal, desconforto ao início da atividade que melhora após aquecer e volta no fim do treino.
Em tendinopatia dos flexores do pé, a dor aparece na face medial do tornozelo, no arco plantar ou atrás do maléolo.
Diagnóstico preciso
O diagnóstico é clínico. O profissional avalia a dor provocada por testes de força e alongamento, além de alinhamento e padrão de movimento.
Ultrassom e ressonância auxiliam nos casos duvidosos, servindo para graduar a tendinopatia dos flexores e descartar outras causas de dor, como fraturas por estresse e compressões neurais.
Tratamento
O plano combina redução temporária de carga, reabilitação ativa e ajustes de técnica. O objetivo é readaptar o tendão à função, devolvendo força e resistência.
Em quadros recentes, a resposta costuma ser rápida quando a progressão é bem conduzida.
- Controle de carga: reduzir volume, intensidade e impacto por 2 a 4 semanas, mantendo condicionamento com atividades toleradas, como bike ou piscina.
- Analgésicos e gelo: úteis na dor de repouso. Anti-inflamatórios por curto período podem ser considerados sob orientação médica.
- Exercícios isométricos: 5 séries de 30 a 45 segundos, dor tolerável, para reduzir dor e manter força inicial.
- Fortalecimento excêntrico e pesado lento: progressão semanal para restaurar capacidade do tendão. Priorizar panturrilhas, tibial posterior e flexor do hálux no pé.
- Treino de técnica e marcha: cadência, aterrissagem suave e alinhamento do joelho sobre o pé, correções que aliviam a tendinopatia dos flexores durante a corrida.
- Órteses e palmilhas: úteis em colapso do arco, indicado caso a caso.
- Infiltrações: considerar quando a dor impede o treino mesmo após reabilitação consistente. Discutir riscos e benefícios com o médico.
- Cirurgia: reservada para ruptura, compressão mecânica refratária ou falha terapêutica prolongada.
Exercícios
- Isométrico de panturrilha em pé: ficar na ponta do pé e segurar a posição, subir e descer devagar conforme a dor permitir.
- Excêntrico de panturrilha: subir com os dois pés, descer com um, 3 a 4 séries de 8 a 12 repetições.
- Flexor do hálux com elástico: flexionar o dedão contra resistência, foco no controle do arco.
- Fortalecimento pesado lento: cargas moderadas, cadência controlada, progresso semanal de 5 a 10 por cento quando a dor estiver estável.
Respeitar o limite de dor é vital. Em tendinopatia dos flexores, dor leve e controlada durante o exercício é aceitável, desde que o desconforto retorne ao basal em até 24 horas.
Prevenção prática
Veja algumas dicas práticas de prevenção:
- Progresso semanal controlado e planejado.
- Fortalecimento de panturrilha.
- Técnica eficiente para correr e saltar.
- Rotina de recuperação, hidratação e sono.
- Troca periódica de calçados e ajuste de palmilhas quando indicado.
FAQs
Quanto tempo leva para curar tendinopatia dos flexores
Quadros leves melhoram em 6 a 8 semanas com controle de carga e exercícios. Lesões antigas podem levar 3 a 6 meses. O ritmo depende de adesão ao plano e ajustes de técnica.
Posso correr com tendinopatia dos flexores
Sim, quando a dor é baixa e controlada, sem piora no dia seguinte. Use progressão de volume, cadência estável e superfície mais macia no retorno inicial.
Órteses ajudam na tendinopatia dos flexores
Podem reduzir a sobrecarga no arco e dar conforto em fases dolorosas. A indicação é individual, baseada em teste funcional e resposta durante a marcha.
Quando considerar infiltração para tendinopatia dos flexores
Quando a reabilitação bem conduzida falhou e a dor impede atividades básicas. A decisão é médica e precisa de avaliação de riscos, benefícios e alternativas.
Quais exercícios são seguros na fase dolorosa
Isométricos em ângulos confortáveis, bicicleta, piscina e mobilidade suave. Evite saltos, sprints e pega sustentada até a dor estabilizar.
Tendinopatia dos flexores tem prevenção
Sim. Progressão gradual, fortalecimento direcionado e técnica eficiente reduzem o risco. Monitorar sinais precoces encurta a recuperação.