O tendão tibial anterior fica na parte da frente do tornozelo e é essencial para erguer a ponta do pé e manter a estabilidade ao caminhar.

Quando inflama, quadro chamado de tenossinovite do tibial anterior, pode gerar dor intensa e reduzir a mobilidade.

Mesmo não sendo uma lesão frequente, requer diagnóstico rápido e tratamento adequado para evitar que o problema evolua.

Função e anatomia do tibial anterior

O tendão tibial anterior conecta o músculo tibial anterior à base do primeiro metatarso e ao cuneiforme medial.

Ele é fixado parcialmente pelo retináculo extensor e envolto por uma bainha sinovial, que lubrifica e facilita seu movimento.

Essa estrutura é fundamental para flexionar o pé para cima, controlar a descida durante a caminhada e auxiliar na absorção de impacto.

Principais causas da tenossinovite do tibial anterior

Essa inflamação pode surgir por sobrecarga repetitiva, comum em corredores, praticantes de trilhas, atletas que saltam ou pessoas que caminham longas distâncias.

Subir e descer escadas com frequência, traumas diretos e entorses também estão entre as causas.

O uso de calçados inadequados, deformidades como pé cavo ou pé plano e doenças inflamatórias sistêmicas, como artrite reumatoide e diabetes, aumentam o risco.

Sintomas mais comuns

  • Dor na parte frontal do tornozelo, que piora com a movimentação.
  • Inchaço e sensibilidade ao toque na região.
  • Calor local e possível vermelhidão.
  • Estalos ou sensação de atrito ao mexer o pé.
  • Dificuldade para levantar a ponta do pé ou manter a passada firme.

Diagnóstico

A investigação começa com uma avaliação clínica detalhada, na qual o médico procura identificar se existe histórico de esforço repetitivo ou algum trauma recente.

Quando há necessidade de esclarecer melhor o quadro, exames de imagem entram em cena.

A ultrassonografia é utilizada para conferir como está o tendão. A ressonância magnética exibe uma análise mais acurada, onde é possível visualizar inflamações, desgaste e até mesmo outras lesões.

Tratamento

O tratamento inicial é conservador, visando combater a inflamação e recuperar a função do tendão. Entre as medidas indicadas, destaco:

  • Anti-inflamatórios prescritos pelo médico.
  • Aplicação de gelo por 15 a 20 minutos, duas a três vezes ao dia.
  • Repouso e redução de atividades de impacto.
  • Uso de calçados adequados e palmilhas quando indicado.
  • Fisioterapia para alongamento, fortalecimento e reeducação dos movimentos.

Em casos crônicos ou com degeneração avançada, o médico pode imobilizar o tornozelo por um determinado período.

A cirurgia é apenas indicada para quadros em que há ruptura ou falha do tratamento conservador.

Exercícios para prevenção e reabilitação

Oriento meus pacientes a executar alguns exercícios para prevenir novas lesões e a fortalecer a região:

  • Alongamento do tibial anterior: sente-se com as pernas estendidas, aponte os dedos dos pés para baixo e segure por 20 segundos. Repita 3 vezes.
  • Fortalecimento com elástico: prenda uma faixa elástica em um ponto fixo, coloque-a sobre o peito do pé e puxe os dedos para cima contra a resistência. Faça 3 séries de 10 repetições.
  • Elevação alternada dos pés: em pé, levante apenas a ponta dos pés, mantendo os calcanhares no chão. Segure 3 segundos e desça lentamente. Repita 15 vezes.
  • Marcha controlada: caminhe com a ponta dos pés levantada para treinar a força e o controle do movimento.

Prevenção

Manter um programa de alongamento e fortalecimento da musculatura da perna, escolher calçados adequados para cada tipo de atividade e evitar sobrecargas são medidas essenciais.

Ajustar o volume e intensidade de treinos, especialmente para quem pratica corrida ou esportes de impacto, também ajuda a prevenir a tenossinovite do tibial anterior.

FAQs

A tenossinovite do tibial anterior pode virar ruptura?

Sim, quando não tratada, a inflamação pode evoluir para degeneração do tendão, aumentando o risco de ruptura parcial ou total.

Quem corre tem mais risco de ter tenossinovite do tibial anterior?

Sim, corredores e praticantes de esportes de impacto estão mais expostos devido à sobrecarga repetitiva no tendão durante treinos e provas.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).