A artrodese do tornozelo é uma opção para quem convive com dor intensa e instabilidade. O objetivo é unir os ossos da articulação para eliminar o atrito que causa a dor e recuperar a confiança ao caminhar.

Como muitos dos meus pacientes não entendem bem como é o procedimento, reuni neste conteúdo as principais informações sobre artrodese do tornozelo.

O que é artrodese do tornozelo?

A artrodese do tornozelo é a fusão entre a tíbia e o tálus, criando um bloco ósseo estável. O cirurgião remove a cartilagem doente e fixa os ossos com parafusos, placas ou uma haste.

Sem movimento entre as superfícies, a dor tende a reduzir de forma marcante.

Quando a artrodese é indicada?

Indica-se a artrodese do tornozelo quando a dor limita atividades simples e os tratamentos clínicos falharam. Situações comuns incluem:

  • Artrose avançada.
  • Artrite pós-traumática.
  • Sequelas de fraturas.
  • Instabilidade crônica.
  • Deformidades dolorosas.
  • Doenças inflamatórias resistentes ao manejo conservador.

Nem todo paciente é candidato. Tabagismo ativo, infecção ativa, má condição da pele ou alinhamentos inviáveis podem exigir preparo prévio ou outra estratégia.

Avaliação pré-operatória essencial

Antes da cirurgia, o pré-operatório é fundamental:

  • Exames de imagem para mapear a extensão do desgaste e o alinhamento.
  • Estudo do eixo mecânico do membro para definir a posição ideal de fusão.
  • Adequação clínica, controle de comorbidades e ajuste de medicações.
  • Planejamento de apoio domiciliar (banqueta para banho, barras de apoio, elevação de membros).

Como é feita a cirurgia

O procedimento pode ser aberto, artroscópico ou minimamente invasivo.

Após a remoção da cartilagem remanescente, o tornozelo é posicionado em alinhamento funcional, geralmente com leve dorsiflexão e neutro em varo/valgo.

A fixação é realizada com parafusos cruzados, placas ou haste tibiotalar (em alguns casos, tibiotalocalcânea).

O foco é alcançar uma fusão sólida. Para isso, o cirurgião pode usar enxerto ósseo autólogo ou substitutos, de acordo com a necessidade.

Recuperação: linha do tempo

  1. Semanas 0–2: imobilização, elevação do membro, controle do inchaço. Em geral, sem apoio.
  2. Semanas 3–6: início de apoio parcial com bota, conforme orientação médica.
  3. Semanas 7–12: progressão do apoio, fisioterapia para força e propriocepção.
  4. Após 3–6 meses: consolidação em evolução, retorno gradual a atividades de impacto leve quando liberado.

A artrodese do tornozelo exige disciplina no pós-operatório. Seguir o plano de fisioterapia, proteger a incisão e ajustar o ambiente doméstico acelera o ganho funcional.

Tipos de fixação e quando usar

  • Parafusos e placas: comuns em deformidades menores e boa qualidade óssea.
  • Haste intramedular: útil em osteopenia, revisões, deformidades complexas ou necessidade de incluir o calcâneo.
  • Enxerto ósseo: indicado em perdas de cartilagem extensas ou risco de não união.

Riscos e como reduzi-los

As complicações possíveis incluem não união, mal união, infecção, lesão nervosa, trombose e dor residual.

Enfatizo com meus pacientes a adoção de medidas para evitar possíveis riscos, como:

  • Cessar tabagismo.
  • Otimizar glicemia.
  • Manter vitamina D adequada.
  • Seguir a carga de apoio indicada.
  • Cuidar da pele ao redor da incisão.

Caso você ainda tenha alguma dúvida, agende uma consulta para avaliar com atenção seu quadro.

FAQs

Artrodese do tornozelo dói após a cirurgia?

A dor tende a reduzir nas primeiras semanas com medicação e elevação. O desconforto melhora à medida que ocorre a consolidação óssea.

Quanto tempo leva para a fusão consolidar?

Em média, de 3 a 6 meses. O tempo varia com biologia óssea, técnica, fixação e adesão às orientações de carga.

Vou conseguir dirigir após a artrodese?

Sim, após liberação médica e quando a força e o tempo de reação estiverem seguros. No lado direito, a espera costuma ser maior.

Posso praticar esportes?

Atividades de baixo impacto costumam ser liberadas. Corrida e saltos podem ficar restritos para proteger as articulações vizinhas.

A artrodese do tornozelo muda a minha forma de andar?

Haverá marcha mais rígida, sobretudo em rampas e escadas. Com treino, palmilhas e calçados adequados, a adaptação costuma ser boa.

Quem não deve fazer artrodese agora?

Quem tem infecção ativa, pele comprometida, controle clínico ruim ou ainda não esgotou o tratamento conservador deve adiar até adequação.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).