A bunionette representa uma das deformidades mais frequentes que atendo em minha prática clínica especializada em cirurgia percutânea de joanetes.

O crescimento ósseo na base do dedinho do pé costuma trazer bastante incômodo, principalmente para quem usa sapatos apertados. Essa alteração atinge com mais frequência mulheres, interferindo nas atividades do dia a dia.

Neste artigo, vou explicar o que é essa deformidade, quais sintomas costumam aparecer, o que pode levar ao surgimento desse problema e as alternativas para tratar o desconforto no quinto dedo do pé.

O que é bunionette?

A deformidade surge quando o quinto metatarso desvia para fora, projetando a cabeça do osso e comprimindo tecidos ao redor.

Esse desvio leva à formação de um volume que inflama com o atrito do calçado.

Causas mais comuns

• Fatores genéticos que alteram o formato do pé;
• Sapatos de bico fino ou salto alto que empurram o dedinho;
• Pé cavo varo e outras alterações de alinhamento;
• Artrite reumatoide e doenças que afetam articulações;
• Pressão repetida em esportes de impacto.

Fatores de risco

Mulheres usam sapatos estreitos com mais frequência e, por isso, desenvolvem bunionette em maior número.

Idade avançada, histórico familiar e atividades que exigem longos períodos em pé também elevam a chance de ocorrer a deformidade.

Sintomas da bunionette

• Dor lateral no pé que aumenta ao usar calçados fechados;
• Vermelhidão e inchaço locais;
• Calosidades sobre a saliência ou na sola;
• Bursite por atrito persistente;
• Desvio do dedo mínimo sobre os demais em casos avançados.

Diagnóstico

A minha abordagem diagnóstica visa identificar a bunionette pela inspeção do pé e pelo relato de dor.

Radiografias em carga medem o ângulo entre o quarto e o quinto metatarsos, definindo a gravidade e auxiliando no planejamento cirúrgico quando necessário.

Classificação

  1. Tipo 1  – aumento da lateral da cabeça do quinto metatarso.
  2. Tipo 2  – curvatura distal do osso para fora.
  3. Tipo 3  – metatarso inteiro em ângulo aberto comparado aos demais.

Tratamentos disponíveis

Medidas conservadoras

• Trocar para sapatos com parte frontal larga;
• Usar protetores de silicone para reduzir o atrito;
• Aplicar anti-inflamatórios tópicos ou via oral, conforme orientação médica;
• Fazer fisioterapia para melhorar a descarga de peso.

Cirurgia minimamente invasiva

Quando a dor persiste ou a deformidade é pronunciada, indico a cirurgia percutânea de bunionette, que reposiciona a cabeça do quinto metatarso por microincisões, permitindo apoio já no dia seguinte com sandália especializada.

Recuperação após o procedimento

É importante o paciente seguir um protocolo, que consiste em:

  1. Apoio imediato: Caminhada com sandália ortopédica específica.
  2. Curativo compressivo: Esparadrapagem especial por 4–6 semanas.
  3. Controle radiográfico: Acompanhamento da consolidação óssea.
  4. Retorno progressivo: Liberação gradual das atividades

Caminhadas curtas são liberadas cedo, enquanto corrida e salto retornam gradualmente após liberação médica, geralmente entre oito e doze semanas.

Prevenção

Compartilho com meus pacientes dicas para impedir a evolução da bunionette:

  • Escolher calçados espaçosos.
  • Alternar alturas de salto.
  • Observar sinais iniciais de dor lateral.
  • Avaliações periódicas com o ortopedista complementam a estratégia preventiva.

Conclusão

A bunionette representa uma condição complexa que requer abordagem especializada e individualizada.

Com base em minha prática clínica como especialista em cirurgia percutânea de joanetes, a técnica minimamente invasiva revolucionou o tratamento desta patologia, oferecendo aos pacientes resultados excelentes com mínima morbidade.

A escolha entre tratamento conservador e cirúrgico deve sempre ser individualizada, considerando o grau de sintomas, limitação funcional e expectativas do paciente.

FAQs

Bunionette tem cura sem cirurgia?

Em muitos casos o controle da dor ocorre apenas com sapatos adequados e protetores, mas a saliência óssea só desaparece com procedimento cirúrgico.

Quando a cirurgia é indicada?

Indica-se operar quando a dor limita atividades do dia a dia apesar de tratamento conservador ou quando a deformidade é acentuada.

Quanto tempo levo para voltar a trabalhar?

Em atividades de escritório, retorno ocorre em cerca de uma semana usando sandália pós-operatória; para trabalhos que exigem ficar em pé, a liberação costuma ocorrer após quatro semanas.

Posso praticar esportes com bunionette?

Esportes de baixo impacto, como natação e ciclismo, costumam ser bem tolerados. Corrida deve ser adaptada caso aumente a dor.

O uso de palmilhas ajuda?

Palmilhas personalizadas redistribuem a carga e aliviam a pressão sobre a região, contribuindo para reduzir o desconforto.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).