Como cirurgião ortopedista especializado em patologias do pé e tornozelo, frequentemente me deparo com pacientes preocupados ao descobrirem que têm um neuroma de Morton.

A primeira pergunta que surge é invariavelmente: “Doutor Bruno Air, o neuroma de Morton é um tumor?” Esta é uma preocupação compreensível, já que o termo “neuroma” pode soar assustador.

Deixe-me esclarecer desde já: embora tecnicamente seja classificado como um tumor benigno do tecido nervoso, o neuroma de Morton não é um câncer e possui características muito específicas que o diferenciam dos tumores malignos.

Se você recebeu o diagnóstico de neuroma de Morton e está preocupado, vou explicar de forma simples tudo o que você precisa saber!

O Que Realmente é o Neuroma de Morton

O neuroma de Morton é, na verdade, um espessamento do tecido ao redor de um dos nervos que levam aos dedos do pé, ocorrendo mais comumente entre o terceiro e quarto dedos, embora possa aparecer em outros espaços interdigitais.

É uma condição que se forma devido à irritação e compressão repetitiva do nervo, resultando em fibrose perineural – um processo cicatricial ao redor do nervo.

Dados recentes do Hospital das Clínicas de São Paulo indicam que aproximadamente 30% dos casos de dor no antepé estão relacionados ao neuroma de Morton.

Um estudo publicado no Journal of Foot and Ankle Surgery em 2023 revelou que a incidência é 8 a 10 vezes maior em mulheres, principalmente entre 40 e 60 anos.

Em minha experiência, confirmo estes números: cerca de 85% dos meus pacientes com esta condição são mulheres.

Neuroma de Morton é um Tumor?

É importante compreender que quando dizemos que o neuroma de Morton é um tumor, estamos usando o termo médico correto para descrever um crescimento anormal de tecido.

Contudo, suas características são completamente diferentes de um tumor maligno:

  • Não apresenta células cancerígenas
  • Não se espalha para outros órgãos (não faz metástase)
  • Não invade tecidos adjacentes de forma agressiva
  • É reversível com tratamento adequado

Pesquisas internacionais, incluindo um estudo multicêntrico europeu com 5.000 pacientes acompanhados por 10 anos, confirmam que não há risco de transformação maligna.

Sintomas e Diagnóstico na Prática Clínica

Os sintomas que observo com mais frequência em meus pacientes são:

  • Dor em queimação na região plantar do antepé.
  • Sensação de “pedra no sapato”.
  • Formigamento nos dedos afetados.
  • Piora significativa com uso de calçados apertados ou salto alto.
  • Alívio ao remover os sapatos e massagear o pé.

O diagnóstico geralmente é clínico, mas confirmo com ultrassonografia ou ressonância magnética quando necessário.

Um estudo brasileiro realizado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) em 2022 mostrou que 70% dos casos podem ser diagnosticados apenas com exame clínico adequado.

O teste de Mulder tem sensibilidade de 85% quando executado corretamente.

Opções de Tratamento: Da Conservadora à Cirúrgica

Em minha abordagem terapêutica, sempre inicio com tratamento conservador. Estatísticas mostram que 60-80% dos pacientes melhoram sem necessidade de cirurgia.

O tratamento conservador consiste em:

  • Modificação de calçados (recomendo sapatos com bico largo e salto baixo).
  • Palmilhas personalizadas com suporte metatarsal.
  • Fisioterapia específica.
  • Infiltrações com corticoides (máximo 3 aplicações).
  • Medicamentos anti-inflamatórios quando necessário.

Quando o tratamento conservador falha após 6 meses, discuto a opção cirúrgica.

A neurectomia tem taxa de sucesso entre 75-95% segundo estudos internacionais. Uma pesquisa da Mayo Clinic com 2.000 pacientes operados mostrou satisfação em 85% dos casos após 5 anos.

Prevenção e Cuidados Pós-Tratamento

Com base em minha experiência tratando centenas de casos, enfatizo sempre a importância da prevenção.

Recomendo aos meus pacientes: escolher calçados adequados (fundamental para prevenir recidivas), manter peso corporal saudável, realizar exercícios de fortalecimento dos pés, e procurar atendimento ao primeiro sinal de desconforto.

No pós-operatório, o sucesso depende muito da adesão do paciente ao protocolo de reabilitação. Geralmente, a carga parcial é liberada após 2 semanas e retorno gradual às atividades em 6-8 semanas.

Conclusão

Após anos tratando o neuroma de Morton, posso afirmar com segurança que, embora o neuroma de Morton seja um tumor benigno do ponto de vista técnico, não deve ser motivo de pânico.

É uma condição tratável com excelentes resultados quando abordada adequadamente. A chave está no diagnóstico precoce e na escolha do tratamento mais apropriado para cada caso.

Minha recomendação é sempre buscar avaliação especializada ao primeiro sinal de dor persistente no antepé. Com o tratamento correto, é possível retornar às atividades normais e ter qualidade de vida plena.

Se você está sofrendo com dores no antepé ou suspeita ter neuroma de Morton, não espere a dor piorar. Agende uma consulta para avaliação detalhada e descubra o melhor tratamento para seu caso.

Com experiência em centenas de casos tratados com sucesso, posso ajudá-lo a retomar sua qualidade de vida sem dor. Entre em contato e dê o primeiro passo para sua recuperação!

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).