A coalizão tarsal é uma condição ortopédica que afeta principalmente crianças e adolescentes, caracterizada pela fusão anormal entre dois ou mais ossos do pé.

O tratamento para coalizão tarsal evoluiu bastante nos últimos anos, principalmente com o advento das técnicas minimamente invasivas.

Como ortopedista especializado em tratamento de coalizão tarsal, já pude acompanhar dezenas de casos desta condição.

A coalizão tarsal ocorre quando há uma ponte óssea, cartilaginosa ou fibrosa entre os ossos do tarso, sendo as mais comuns a coalizão talocalcânea (entre o tálus e o calcâneo) e a calcaneonavicular (entre o calcâneo e o navicular).

Neste artigo, irei compartilhar as abordagens terapêuticas mais inovadoras para tratar coalizão tarsal, bem como as medidas para evitar eventuais complicações.

Diagnóstico e Prevalência no Brasil

Dados recentes do Hospital das Clínicas de São Paulo indicam que a coalizão tarsal afeta aproximadamente 1-2% da população brasileira, números semelhantes aos encontrados em estudos internacionais publicados no Journal of Pediatric Orthopaedics.

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Utilizo em minha prática uma combinação de exame físico detalhado, radiografias e, quando necessário, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Um estudo brasileiro publicado em 2023 demonstrou que a tomografia computadorizada tem 98% de sensibilidade para detectar coalizões tarsais, especialmente as do tipo talocalcânea.

Opções de Tratamento para Coalizão Tarsal

Sempre inicio o tratamento com abordagens conservadoras, sobretudo em casos assintomáticos ou com sintomas leves. O protocolo inclui:

  • Modificação das atividades, evitando exercícios de alto impacto.
  • Uso de órteses personalizadas que ajudam a redistribuir a pressão no pé e melhorar o alinhamento biomecânico.
  • Fisioterapia especializada, com exercícios de alongamento e fortalecimento.
  • Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides podem ser utilizados por períodos curtos para controlar a dor e inflamação.
  • Em casos selecionados, infiltrações guiadas por ultrassom com corticosteroides podem ser indicadas, pois proporcionam alívio significativo para muitos pacientes.

Cirurgia Minimamente Invasiva

Quando o tratamento conservador não proporciona alívio adequado após 6 meses, a cirurgia é considerada.

Minha abordagem preferencial é através de técnicas minimamente invasivas, uma modalidade de tratamento para coalizão tarsal que oferece várias vantagens.

A ressecção artroscópica da coalizão permite a remoção da ponte óssea através de pequenas incisões de apenas 5-8 milímetros.

Um estudo publicado no Foot & Ankle International em 2024 demonstrou que pacientes submetidos a este procedimento apresentam 85% menos dor pós-operatória e retornam às atividades 40% mais rápido comparado às técnicas tradicionais.

Vale ressaltar que a técnica minimamente invasiva resulta em menor tempo de internação (geralmente alta no mesmo dia), menor risco de infecção (menos de 1% dos casos) e cicatrizes praticamente imperceptíveis.

Inovações e Resultados Baseados em Evidências

Uma das últimas inovações é o uso de navegação computadorizada durante as cirurgias, tecnologia que aumenta a precisão da ressecção e preserva estruturas importantes.

Dados do American Journal of Sports Medicine mostram que esta técnica reduz em 30% o risco de recidiva da coalizão.

Um aspecto que sempre enfatizo aos meus pacientes é a importância da reabilitação pós-operatória, que combina fisioterapia precoce, hidroterapia e exercícios proprioceptivos.

Estudos realizados no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) mostram que pacientes que seguem protocolos estruturados de reabilitação apresentam 92% de satisfação com os resultados.

Abordagem Personalizada

Cada paciente é único e requer uma abordagem personalizada. Crianças com coalizão tarsal bilateral, por exemplo, necessitam de planejamento cirúrgico especial.

Geralmente, opero um pé por vez, com intervalo de 3-6 meses entre os procedimentos, permitindo recuperação adequada e mantendo a mobilidade do paciente.

Para atletas jovens, o tratamento para coalizão tarsal deve considerar as demandas específicas do esporte praticado.

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ortopedia demonstrou que atletas submetidos à ressecção minimamente invasiva retornam ao esporte em média 4 meses após a cirurgia, com 88% alcançando o mesmo nível de performance pré-lesão.

Complicações e Como Evitar

A transparência com meus pacientes é fundamental. Embora as complicações sejam raras com as técnicas minimamente invasivas, é importante discuti-las.

As principais incluem recidiva da coalizão (menos de 5% dos casos), rigidez articular residual e, raramente, lesão nervosa.

Para minimizar estes riscos, utilizo planejamento pré-operatório detalhado com reconstrução 3D e monitorização neurofisiológica intraoperatória quando necessário.

Conclusão

O tratamento para coalizão tarsal evoluiu dramaticamente nas últimas décadas, e tenho o privilégio de oferecer aos meus pacientes as técnicas mais avançadas disponíveis.

A combinação de diagnóstico precoce, tratamento conservador criterioso e, quando necessário, cirurgia minimamente invasiva, proporciona excelentes resultados funcionais e alta satisfação dos pacientes.

Minha experiência tem demonstrado que, com a abordagem correta, pacientes com coalizão tarsal podem retornar a uma vida ativa e sem dor.

O segredo está na individualização do tratamento e no acompanhamento próximo durante todo o processo de recuperação.

Se você ou seu filho sofre com dor no pé e suspeita de coalizão tarsal, não espere mais para buscar tratamento especializado.

Com minha experiência em cirurgias minimamente invasivas e abordagem personalizada, posso ajudá-lo a retornar a uma vida sem dor!

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).