Você sabe o que é entorse de tornozelo grau 2? Nesta matéria iremos tirar algumas dúvidas sobre essa lesão que pode acometer o Tornozelo. Vale lembrar que a prevenção é sempre o melhor remédio contra problemas.

O que é entorse de tornozelo?

Uma entorse de tornozelo basicamente é uma lesão. Ela ocorre nos ligamentos, após uma torção que ocorreu no tornozelo. Essas estruturas do tornozelo são elásticas, e foram projetadas para permitir a articulação do corpo do jeito certo.

Estes ligamentos, são basicamente feitos de estabilizadores laterais do tornozelo. E são os principais responsáveis por toda a estabilidade da articulação. Isso ocorre nos extremos, mais precisamente nas amplitudes articulares.

Quando eles funcionam normalmente, os ligamentos (que são estruturas elásticas), esticam (distendem) até um certo limite. E em seguida ele retorna a sua posição normal. Qualquer ligamento tem um limite de amplitude. Esses limites permitem que as articulações se mantenham estáveis.

Basicamente quando ocorre uma entorse, é quando estes ligamentos são puxados para uma amplitude maior do que ele pode. Isso força ele além da sua capacidade. Existem dois tipos de ligamentos no tornozelo, e são eles: Complexo Ligamentar Externo e Complexo Ligamentar Lateral interno.

Como acontece a entorse de tornozelo grau 2?

Uma lesão sempre ocorre acidentalmente. Devido ao acontecimento, o tornozelo pode ser movido desta forma anormal, forçando-o, ou seja, torcendo os ligamentos e repuxando eles. Estes movimentos anormais normalmente são os seguintes:

  • Torções do Pé;
  • Rotações do Pé;
  • Rolamentos do Pé.

Estes movimentos descritos acima, são considerados anormais, e levam os ligamentos a sofrerem um estiramento. O conceito de estiramento é quando o ligamento sofre uma distensão e é esticado mais do que a sua capacidade normal, desestabilizando o funcionamento dele.

Existem casos graves em que ele pode rasgar, dependendo do movimento. Esse acontecimento é chamado pela ortopedia de rompimento. A lesão que acontece na rotura é considerada muito mais grave do que uma lesão ocorrida nos ligamentos.

Basicamente, existe a ocorrência de dois tipos de entorse no tornozelo. E a principal delas e a que mais ocorre é a de entorse de inversão do pé. Basicamente ela ocorre quando uma força faz com que o lado de dentro do pé sofra uma carga para fora. O caso mais difícil e raro de acontecer é a entorse de eversão.

Existe também a lesão ligamentar externa, o ligamento da parte de fora. E também é um dos mais frequentes, e normalmente ocorre em casos leves ou médios. Ele normalmente ocorre em uma entorse por inversão.

Graus de entorses de tornozelo

A entorse tem vários graus, e varia entre ligeira, moderada e grave. A depender do grau de danificação no ligamento do paciente e quantos ligamentos foram lesionados. Normalmente na entorse ligeira pode ocorrer um inchaço, porém que se sente pouca dor.

Já a entorse moderada, o tornozelo é comprometido, causando desconforto na locomoção. Sente-se mais dores, em todo o tornozelo que a leve. Na grave o tornozelo se torna instável, a pessoa bambeia e não consegue andar, e sente muitas dores.

Somente um exame médico pode determinar qual o grau da lesão e da entorse. Depois disso eles traçam um tratamento. E a classificação irá ser feita conforme a gravidade dos danos nos ligamentos. E os principais graus são:

Entorse Grau 1 – Ligeira

A entorse de tornozelo grau 1 é a mais simples, por assim dizer. Mas, nesse caso, os principais sintomas são os seguintes:

  • Estiramento leve, presença de rótulas microscópica nos ligamentos;
  • Sensibilidade ao tocar, inchaço e dor ao redor do membro.

Entorse Grau 2 – Moderada

Como o próprio nome diz, trata-se de um grau moderado, mas que tende a apresentar os seguintes sintomas:

Entorse Grau 3 – Grave

A entorse de tornozelo grau 2 nada mais é do que o grau mais grave onde, por padrão, possui as seguintes características.

  • Ruptura total de ligamentos;
  • Edema e grande sensibilidade em todo o tornozelo.
  • Dores muito fortes;
  • Não se consegue caminhar.

Sinais e sintomas de entorse de tornozelo grau 2

Em muitos casos uma entorse causa imediatamente uma dor no pé. Ela pode ir de leva até muito intensa, além de inchaço e o tornozelo começa a se tornar escuro. Há casos até onde o tornozelo começa a ter derrame articular, que é quando ele libera líquido.

A dor é sentida conforme se tenta movimentar. Em entorses severas sente-se algo rasgando no tornozelo além de estalos. Não se consegue caminhar, e as dores são enormes principalmente ao pisar no chão. Conforme a dor e o tamanho do inchaço, dá pra se ter uma noção da gravidade da lesão e possivelmente da reabilitação.

O tamanho do inchaço (edema) e a dor será proporcional a quão grave for a entorse. Porém, a entorse que ocorre é a de grau 1, tendo ela menor gravidade. Os pacientes se queixam de dor por cerca de 3 dias.

E no grau 2 a dor tem maior intensidade além de maior edema presente. E o tempo de recuperação poderá ser de 1 a 2 semanas. Já no grau 3, onde é grave, pode-se levar de 3 ou mais semanas para haver a recuperação total.

Há casos onde a recuperação total do paciente para se curar de uma entorse pode levar de semanas a meses. E irá depender do quão grave foi a lesão e qual o tratamento de recuperação que o paciente foi instruído.

Causas de entorse do tornozelo

É muito comum que uma entorse no tornozelo ocorra quando se rola ou torce o pé em alguma pisada. Isso força as articulações e o tornozelo. Fazendo com que ele saia da posição normal, ou force-o a mais do que os ligamentos suportam.

Em esportes, como por exemplo o futebol, que se exige movimentos explosivos e repentinos, pode ocorrer algum tipo de entorse facilmente. E este esporte não é o único que está incluso nesta lista. Outros esportistas de basquete, futsal, atletismo também podem sofrer.

Os relatos nos consultórios normalmente são de entorses que ocorrem no cotidiano, e acidentalmente. Onde a pessoa acabou por pisar em salto ao colocar o pé no chão. As causas vão desde calçados inadequados, até buracos que podem estar em vias e calçadas.

A depender do tipo de calçado, ele pode sim ajudar em uma ocorrência de entorse. Estes pequenos desequilíbrios que eles proporcionam, faz com que a ocorrência de entorse possa se tornar um fator de risco.

Já há pessoas que naturalmente possuem músculos fracos, e não se preparam com alongamentos. E aproveitam para fazer atividades físicas sem uma prévia adaptação. Pessoas assim, estão muito sujeitas a terem entorses do tornozelo.

Não há uma idade específica para tipificar em que vai acontecer uma entorse. Podendo acontecer em qualquer um dos pés. Mas, os casos mais elevados ocorrem principalmente em esportes. Pode ocorrer também com facilidade em quem já teve algum tipo de entorse no passado. Este grupo está correndo muito risco.

Diagnóstico de entorse do tornozelo grau 2

É bem provável que, depois de tudo isso, você esteja curioso em saber como é feio o diagnóstico de entorse de tornozelo grau 2, certo?

Quanto a isso, saiba que o diagnóstico de entorse de tornozelo grau 2 ou qualquer um outro, deve ser feito por médico especialista, o ortopedista. Mas como é feito esse exame?

Na verdade, pode ser feito de diversos tipos, desde conhecendo a história clínica do paciente até alguns exames, por exemplo.

Ou seja, o médico deve perguntar como foi aconteceu a lesão e se você já teve alguma outra, uma vez que essa é uma questão importante.

Mas, ainda que ele avalie esse histórico, a forma mais segura de diagnosticar a entorse de tornozelo grau 2 é por meio de exames. Mesmo porque, dessa forma, é possível ter a certeza se há ou não alguma fratura óssea.

Quais são os exames para diagnosticar a entorse de tornozelo grau 2?

É claro que isso pode variar de acordo com cada caso, haja vista que o médico irá lhe avaliar e definir qual é o melhor exame.

Mas, no geral, um dos possíveis exames que o médico pode solicitar, a fim de constatar a entorse de tornozelo grau 2, são os seguintes:

Raio X

Trata-se de um exame já muito conhecido, na verdade, o qual é ótimo para diagnosticar uma série de outros problemas.

Mesmo porque ele fornece imagens de estruturas densas, como o osso. Então, o médico pode solicitar o raio x para descartar fraturas no pé ou tornozelo.

E isso acontece porque um osso, quadro fraturado, pode causar sintomas bem semelhantes de dor e edema, por exemplo.

Raio x de stress

Além do raio x normal, existe a possibilidade de o médico solicitar o raio x de stress. Ao contrário do anterior, não são todos que conhecem esse tipo.

Em suma, esse tipo de radiografia deve ser feito enquanto o tornozelo está sendo empurrado em diferentes posições.

Ou seja, esse tipo de exame permite identificar se o tornozelo está se movendo de forma normal ou não, devido a ligamentos lesionados.

Ressonância magnética (RM)

O médico ainda pode solicitar a RM a fim de averiguar se há entorse de tornozelo grau 2. Nesse caso, o intuito é averiguar a gravidade da lesão nos ligamentos.

Mas, além disso, esse exame é capaz de identificar outros tipos de lesões, como danos na cartilagem ou osso da superfície da articulação.

Ecografia

Trata-se do famoso ultrassom, o qual permite com que o médico possa ver os ligamentos de forma direta, enquanto o paciente move o tornozelo.

Dessa forma, é possível determinar a quantidade de estabilidade que um ligamento fornece, se é que isso vai acontecer.

Esses são os principais tipos de exames que o médico pode solicitar, mas o médico ainda pode pedir alguns outros, no caso de achar pertinente, a fim de obter um prognóstico mais preciso.

Abordagem diagnóstica

Outra questão que é interessante você saber em relação a entorse de tornozelo grau 2 é em relação a abordagem diagnóstica.

O comum é que o paciente relate sentir dor, além de apresentar alguns outros problemas como edema, equimoses e sensibilidade nos ligamentos que foram lesionados, por exemplo.

A entorse de tornozelo grau 2 pode diminuir a amplitude de movimento, além de gerar a instabilidade articular. Por isso, o médico pode apalpar toda a parte ligamentar e óssea, a fim de averiguar se há algum problema.

Deve-se fazer isso a fim de examinar a estabilidade do tornozelo. Nesse caso, é preciso fazer uma flexão plantar do tornozelo, com cerca de 30 graus, mais ou menos.

Ao fazer isso, deve-se aplicar uma força anterior ao calcâneo, enquanto, com a outra mão, é preciso manter a tíbia estável.

Mas, em relação ao teste de inclinação do talo, ele deve ser feito com o tornozelo em uma posição neutra, o qual torna possível avaliar a integridade do tornozelo TCF.

Sobre o teste de compressão, ele é mais ideal para diagnosticar uma lesão sindesmótica. Se esse for o caso, é só apertar a fíbula e a tíbia proximal, bem no meio da panturrilha, e avaliar o nível de dor.

Sendo assim, o teste de estresse e de rotação externa é feito a partir do momento em que se coloca o tornozelo em uma posição neutra. Ao fazer isso, basta girar a tíbia, de forma externa, levando a dor na região sindesmótica.

Tratamento de entorse de tornozelo grau 2

Agora, é possível que você queira saber como tratar, certo? Será que o tratamento cirúrgico é necessário? Na verdade, nem sempre.

Proteção, repouso relativo, gelo, compressão e elevação são as bases para o tratamento inicial desse problema, o qual deve ser feito o quanto antes.

Fora isso, o médico ainda pode indicar o uso de botas de camurça removíveis de plástico ou talas, em posição de dorsiflexão.

Ademais, é bom citar que a entorse do tornozelo grau 2 pode exigir o uso de muletas, a fim de oferecer um descanso do peso, o que diminui a dor.

Em relação aos anti-inflamatórios, eles também fazem parte do tratamento, desde que sejam não esteroidais.

No entanto, o paciente também precisa evitar movimentos de plantiflexão. Ou seja, é preciso evitar o uso de salto alto.

O tratamento de entorse de tornozelo grau 2 também é um pouco controverso, haja vista que alguns autores destacam o reparo cirúrgico logo de início, enquanto há os que fomentam a importância do tratamento conservador.

Mas a verdade é que isso pode variar de acordo com cada caso, sendo o ortopedista especialista o responsável por avaliar cada caso.

Reabilitação de entorse de tornozelo grau 2

É preciso avaliar qual é a melhor forma de reabilitar o paciente, de acordo com a sua cicatrização tecidual. Por isso, é preciso acompanhar de perto cada caso.

A mobilização precisa ser o mais rápido possível, até mesmo para prevenir problemas crônicos. Mas, de início, deve-se optar pela forma passiva e ir evoluindo, de forma gradual, para a forma ativa.

Nesse ínterim, o médico ortopedista pode se utilizar de alguns meios físicos para gerar o alívio de dor. A princípio, o treino sem carga e de forma passiva é o ideal.

Mas, à medida que o tempo for passando, é preciso evoluir para ativos e com carga, de acordo com aquilo que o paciente tolerar.

O grande objetivo desses exercícios é de ganho e manutenção de amplitude de movimento, além de fortalecer os músculos, equilíbrio estático e dinâmico.

Ademais, é feita tanto na água quanto em terra, uma vez que os ganhos serão os mesmos. No entanto, os pacientes podem se sentir mais confortáveis e seguros com o uso de tornozeleira, o que não é nenhum problema.

Cirurgia de entorse de tornozelo grau 2

No caso de instabilidade crônica e quando os demais tratamentos não estão surtindo os efeitos que se esperava, a cirurgia para entorse de tornozelo grau 2 pode ser a melhor alternativa.

No entanto, saiba que esse tratamento é pouco frequente. Mas, se for o caso, saiba que hoje em dia as cirurgias são minimamente invasivas, haja vista que se utiliza a técnica de artroscopia.

Ou seja, nada mais é do que quando o médico usa um pequeno instrumento cirúrgico, o qual deve ter acoplado uma mini câmera, chamada de artroscópio.

Por meio dessa câmera, o médico consegue ver dentro da articulação do tornozelo. Então, por meio do uso de instrumentos cirúrgicos adequados, ele pode fazer a remoção de fragmentos soltos de ossos, cartilagem etc. com a máxima precisão.

Inclusive, em alguns casos, o médico pode até mesmo reconstruir o ligamento lesionado, substituindo-o por um enxerto de tecido, o qual é possível obter através de outros ligamentos ou tendões do pé ou que ficam ao redor do tornozelo.

Fora isso, na grande maioria das vezes, existe um período de imobilização depois da cirurgia. Então, o seu médico ainda pode aplicar gesso ou uma ortótese, que nada mais é que uma bota protetora.

Nesse caso, o intuito é de preservar o ligamento que foi reparado ou reconstruído. Portanto, é importante se certificar de seguir todas as instruções do seu médico em relação tanto a forma de usar quanto o tempo.

Não podemos deixar de citar também que o tempo de recuperação depois da cirurgia depende da extensão da lesão e da intervenção que foi feita.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).