Tornozelo trincado: conheça os sintomas, diagnóstico e tratamento. Saiba como identificar uma fissura óssea no tornozelo e aprenda os cuidados de recuperação.

Como ortopedista especializado em traumatologia do pé e tornozelo, venho observando um número crescente de pacientes com suspeita de tornozelo trincado em meu consultório.

Esta condição, tecnicamente conhecida como fissura óssea, representa um desafio diagnóstico interessante, pois muitas vezes pode ser confundida com uma simples entorse.

Em meus mais de 16 anos de experiência clínica no tratamento de lesões do tornozelo, aprendi que o diagnóstico preciso é fundamental para estabelecer o protocolo de tratamento adequado.

Uma fissura óssea, embora menos grave que uma fratura completa, requer cuidados específicos e acompanhamento apropriado para garantir uma recuperação adequada e prevenir complicações futuras.

Neste artigo, compartilharei com você informações essenciais sobre o tornozelo trincado, abordando os mecanismos mais comuns que causam a lesão até as últimas novidades em métodos de tratamento e reabilitação, sempre priorizando a recuperação segura e efetiva de nossos pacientes.

Como ocorre o tornozelo trincado?

O tornozelo trincado pode ter origem em dois principais fatores, que são:

  • Torção: pode acontecer ao pisar em um buraco ou ao se desequilibrar de um sapato alto
  • Compressão axial: decorrente de quedas de altura, onde o paciente cai em pé.

A fratura de tornozelo por compressão axial acaba se tornando mais comuns em homens mais jovens, por volta dos 35 a 40 anos de idade.

E, nesse caso, está muito associada a acidentes de trânsito e quedas de altura. Agora, em relação à torção, ela é mais frequente em mulheres mais velhas.

Quais são os sintomas?

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas, no geral, os principais sintomas do tornozelo trincado são:

  • Dor;
  • Edema;
  • Deformidade do tornozelo;
  • Incapacidade de apoiar o membro no chão.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de um tornozelo trincado requer uma avaliação cuidadosa e sistemática por parte do profissional de saúde.

Como ortopedista especializado neste tipo de lesão, posso afirmar que o processo diagnóstico começa com uma anamnese detalhada, onde investigamos como ocorreu a lesão e os sintomas apresentados pelo paciente.

Durante o exame físico, observamos atentamente sinais como edema localizado, pontos específicos de dor à palpação e a capacidade do paciente de apoiar o pé no chão.

Os exames de imagem são fundamentais para confirmar o diagnóstico. Começamos geralmente com radiografias em diferentes ângulos, embora nas primeiras 24-48 horas a fissura possa não ser visível neste exame.

Em casos onde há forte suspeita clínica, mas a radiografia inicial é inconclusiva, podemos solicitar uma tomografia computadorizada, que oferece imagens mais detalhadas da estrutura óssea, ou uma ressonância magnética, especialmente útil para avaliar possíveis lesões em tecidos moles associadas.

É importante ressaltar que o diagnóstico diferencial é determinante, pois outras condições como entorses graves, fraturas completas e lesões ligamentares podem apresentar sintomas semelhantes.

Por isso, a avaliação deve ser realizada por um profissional qualificado, que poderá conduzir testes específicos e determinar o tratamento mais adequado para cada caso.

A precisão no diagnóstico é fundamental para estabelecer o protocolo de tratamento correto e garantir uma recuperação adequada. Quanto mais precoce e preciso for o diagnóstico, melhores serão as chances de uma recuperação completa e sem sequelas.

Tratamentos

O tratamento do tornozelo trincado exige uma abordagem cuidadosa e progressiva para garantir uma recuperação adequada. Como especialista em traumatologia do tornozelo, sempre enfatizo aos meus pacientes que o processo de tratamento deve ser respeitado em todas as suas fases.

Fase inicial

A fase inicial do tratamento é focada no controle da dor e do inchaço. Durante os primeiros dias, é fundamental seguir o protocolo RICE (Rest, Ice, Compression, Elevation) – repouso, aplicação de gelo, compressão e elevação do membro.

A imobilização adequada neste período é relevante, geralmente realizada com uma bota ortopédica ou, em alguns casos, com gesso, dependendo da gravidade e localização da fissura.

O uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos pode ser necessário nas primeiras semanas, sempre sob prescrição médica. É importante ressaltar que a automedicação pode mascarar sintomas importantes e prejudicar o processo de recuperação.

Reabilitação gradual

Após a fase aguda, que dura aproximadamente duas a três semanas, iniciamos a reabilitação gradual. Neste momento, a fisioterapia torna-se uma aliada fundamental no tratamento.

O fisioterapeuta trabalhará exercícios específicos para recuperar a mobilidade, força e propriocepção do tornozelo, sempre respeitando os limites da lesão e a tolerância do paciente.

O retorno às atividades diárias e esportivas deve ser gradual e monitorado. Geralmente, após 6 a 8 semanas, com acompanhamento adequado, o paciente pode retomar suas atividades normais, embora alguns casos possam requerer um período maior de recuperação.

Durante todo o processo, o acompanhamento médico regular é essencial para avaliar a evolução da lesão e fazer os ajustes necessários no tratamento. Em alguns casos mais complexos, principalmente quando há instabilidade ou demora na consolidação, pode ser necessário considerar outras abordagens terapêuticas.

A prevenção de novas lesões também faz parte do tratamento. Orientamos sobre o uso de calçados adequados, fortalecimento muscular e exercícios proprioceptivos que podem ser mantidos mesmo após a recuperação completa.

Cirurgia

Existem situações em que a cirurgia para tornozelo trincado é considerada, mas não é comum.

Por exemplo, fraturas desalinhadas e que não possuem o devido tratamento, podem gerar alterações mecânicas na articulação, aumentando assim o desgaste da articulação, podendo evoluir para um quadro de artrose.

A boa notícia é que a medicina está cada vez mais avançada, cujas técnicas mimimamente invasivas trazem menos complicações e mais conforto ao paciente.

Conclusão

Como ortopedista experiente no tratamento de lesões do tornozelo, não posso deixar de enfatizar que o tornozelo trincado é uma condição que requer atenção e cuidados específicos.

Ao longo de minha carreira, tenho observado que os pacientes que seguem corretamente as orientações médicas e respeitam o tempo necessário para a recuperação obtêm os melhores resultados.

É fundamental compreender que, embora possa parecer uma lesão menos grave que uma fratura completa, o tornozelo trincado necessita de tratamento adequado para evitar complicações futuras.

A negligência no tratamento pode levar a problemas crônicos, como instabilidade articular, dores recorrentes e até mesmo artrose precoce.

Se você se encontra em Goiânia e suspeita de tornozelo trincado, estou à sua disposição para esclarecer qualquer dúvida e juntos pensarmos no curso de tratamento mais adequado.

Lembre-se: seu tornozelo é uma estrutura complexa e fundamental para sua mobilidade e qualidade de vida. Invista tempo e dedicação em sua recuperação, e os resultados certamente compensarão o esforço.

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Ortopedista especialista em Pé e Tornozelo, graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009-2011). Especialização em Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Universidade Federal de Goiás. Estágio em Pé e Tornozelo – Massachussets General Hospital Harvad University (2017).